Dividida, imprensa argentina varia avaliação do papa de ‘controverso’ a ‘reformista’

De um lado, veículos de esquerda da Argentina mostram desconfiança com novo papa, enquanto Clarín apoia (©reproduções) São Paulo – Sem consenso sobre o perfil do novo papa, a imprensa […]

De um lado, veículos de esquerda da Argentina mostram desconfiança com novo papa, enquanto Clarín apoia (©reproduções)

São Paulo – Sem consenso sobre o perfil do novo papa, a imprensa argentina divide opiniões e o chama de controverso por sua relação com a ditadura ao mesmo tempo em que o classifica como um pontífice que trará mudanças para a igreja católica. Escolhido para sucessor de Bento XVI no conclave que terminou ontem (13), o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, que adotou o nome de Francisco I, é o primeiro papa latino-americano, o primeiro jesuíta e também o primeiro não europeu.

Para o conservador Clarín, jornal de maior circulação na Argentina, o papa Francisco I tem uma postura “reformista”, “sempre preferiu posições mais abertas” e é um “severo crítico das políticas neoliberais”. O diário ouviu dirigentes sindicais do país, segundo os quais o sacerdote seria peronista e “muito preocupado com questões sociais, como pobreza, indigência e o desemprego”.

Considerando Francisco I um religioso discreto e humilde, o Clarín afirmou que, quando a Argentina começou a debater a legalização do casamento homoafetivo, aprovado em 2010, ele pediu que os bispos do país assumissem uma postura moderada sobre o tema. No ano passado, durante uma conferência na Universidade Católica da Argentina, ele teria chamado de “hipócritas e fariseus” os sacerdotes que se negam a batizar filhos de mães solteiras.

Já para o jornal Página12, o novo papa foi claramente contra o casamento homoafetivo, chegando a afirmar que ele seria uma “pretensão destrutiva do plano de Deus”, o que, de acordo com o jornal, lhe rendeu uma ruptura sem retorno com o governo de Cristina Kirchner. Estampando na manchete da manhã de hoje (14) a frase “Deus meu!”, o periódico ressaltou seus dotes políticos e afirmou que ele pertence às correntes mais conservadoras da Igreja.

O jornal também questiona sua relação com a ditadura militar argentina, que se estendeu de 1976 a 1983, quando fazia parte da Companhia de Jesus. Ele seria apontado como “responsável direto pelo desaparecimento dos sacerdotes também jesuítas Francisco Jalics e Orlando Yorio”, ambos padres que desenvolviam trabalhos sociais em Buenos Aires. “O episódio nunca foi esclarecido de forma suficiente”, diz o jornal.  

Ambos concordam que ele leva uma vida humilde: não tem carro, só utiliza o transporte público, sempre se veste de maneira discreta e era bastante acessível aos padres quando bispo.

 

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