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Divergências sobre papel do Estado podem levar a racha da direita na França

Frente Nacional (FN), que representa a direita, está em vias de enfrentar uma ruptura entre a velha guarda, liderada por Jean-Marie Le Pen, e o setor jovem. Beneficiado pode ser ex-presidente Sarkozy

Antônio Cruz / ABr

Sarkozy está querendo assumir a liderança da direita com proposições mais radicais do que em sua gestão anterior

São Paulo – A Frente Nacional (FN), que representa a direita política na França, está em vias de enfrentar um racha entre a velha guarda, liderada por Jean-Marie Le Pen, e o setor mais jovem. O embate pode enfraquecer o partido para disputar as eleições presidenciais em 2017.

Segundo Flávio Aguiar, correspondente da Rádio Brasil Atual na Europa, o embate entre as forças do partido ocorre por conta da concepção de Estado. “A velha guarda tem uma concepção que privilegia muito o papel do Estado, nesse caso, o Estado antidemocrático, centralizador, enquanto a jovem guarda está pretendendo modernizar a direita, ou ‘neoliberalizar’, digamos assim, o programa da Frente Nacional para atrair novos eleitores”.

O quadro de crise da Frente Nacional é agravado ainda pela sobrinha-neta de Le Pen, Marion Maréchal-Le Pen, “uma jovem de 25 anos que está no parlamento europeu com o ideário mais reacionário ainda, contra os imigrantes, enfim, essas coisas que fazem o xodó da extrema direita na Europa e aqui na França em particular”.

Os conflitos estariam promovendo dissidências, e 10% dos cargos ou das pessoas que foram eleitas pela Frente Nacional nas últimas eleições regionais saíram do partido. Diz Aguiar: “É possível haja até a formação de um novo partido de extrema direita. O que isso muda no quadro francês? Até o momento, Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, era pelo menos uma forte candidata para ir ao segundo turno, que seria, se a eleição fosse hoje, entre o ex-presidente Nicolas Sarkozy e ela, diante da baixíssima popularidade de François Hollande”.

Se Marine Le Pen sair da corrida, é possível até que Hollande chegue ao segundo turno favorecendo Nicolas Sarkozy. “Ele está fazendo de tudo para voltar às manchetes; ele está viajando para o exterior, criticando fortemente a política externa de Hollande, enfim, está realmente querendo assumir a liderança da direita. E está fazendo proposições mais à direita ainda do que em seu governo anterior. Se essa crise na Frente Nacional se aprofundar, o favorecido na verdade vai ser o Sarkozy.”

Ouça o comentário de Flávio Aguiar para a Rádio Brasil Atual: