Acordo de paz

Conselho de Segurança da ONU aprova cessar-fogo em Gaza

Plano dos Estados Unidos prevê cessar-fogo inicial de seis semanas, troca de reféns israelenses por presos palestinos e envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza

Eskinder Debebe/ONU
Eskinder Debebe/ONU
Foram 14 votos favoráveis a proposta de cessar-fogo em Gaza

São Paulo – O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta segunda-feira (10) uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Foram 14 votos favoráveis e apenas uma abstenção, da Rússia, ao plano apresentado pelos Estados Unidos. A resolução afirma que Israel aceitou os termos da negociação e apela ao grupo palestino Hamas a fazer o mesmo, instando ambas as partes “a implementar plenamente seus termos sem demora e sem condições”.

A proposta tem como base o plano que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou no fim do mês passado. E inclui três fases de implementação, começando pelo fim da violência, com um cessar-fogo de seis semanas. Além disso, prevê também a libertação dos reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.

A fase inicial inclui ainda a retirada das forças israelenses de áreas populosas de Gaza e autorização para que os palestinos retornem às suas casas no enclave. Prevê a distribuição eficaz de ajuda humanitária aos palestinos, incluindo o fornecimento, pela comunidade internacional, à população afetada pela destruição.

A resolução enfatiza ainda que o cessar-fogo deve continuar enquanto as negociações prosseguirem. O texto ressalta a importância de as partes aderirem aos termos da proposta e conclama todos os Estados-membros e a própria ONU a apoiar sua implementação.

O documento ainda “rejeita qualquer tentativa de mudança demográfica ou territorial na Faixa de Gaza, incluindo quaisquer ações que reduzam o território de Gaza”.

Hamas saúda resolução

Em comunicado, o Hamas saudou a aprovação da resolução de cessar-fogo. Desse modo, o grupo palestino afirmou que está pronto para cooperar com os mediadores para a implementação dos termos do acordo. Israel ainda não se manifestou oficialmente.

Em março, o Conselho de Segurança chegou a aprovar a primeira resolução de cessar-fogo imediato para o conflito em Gaza. Israel, no entanto, se recusou a aceitar, e os ataques continuaram. A proposta, apresentada por um grupo de 10 países rotativos do conselho, liderados por Moçambique, previa uma pausa no conflito durante todo o mês do Ramadã, período sagrado para os muçulmanos, entre 10 de março e 9 de abril.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, está em visita ao países do Oriente Médio para tentar emplacar o cessar-fogo. “Minha mensagem para os governos da região é que pressionem para que o Hamas diga sim”, afirmou o principal assessor de Biden nesta segunda. A continuidade do conflito é um dos fatores que ameaçam a reeleição do atual presidente.

Primeiramente ele se reuniu, no Cairo, com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, um mediador chave para as negociações com o grupo Hamas. Na sequência, seguiu para Tel Aviv, onde deve se encontrar com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ainda hoje.

Racha em Israel

Ontem, o governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sofreu uma baixa importante, com a renúncia de Benny Gantz, ministro do gabinete de guerra de Israel. Ele chegou a afirmar que o atual líder israelense estaria impedindo o país de avançar “em direção a uma verdadeira vitória”. Ele também reclamava da falta de um plano para o pós-guerra no território palestino. A saída de Gantz, por outro lado, aumenta a influência dos grupos de extrema direita, que são contra o cessar-fogo e apoiam a anexação gradual dos territórios palestinos.

No sábado, Israel resgatou quatro pessoas que eram mantidas como reféns pelo Hamas. A operação, no entanto, deixou 270 palestinos mortos e outros 698 feridos, entre eles alguns em estado grave, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Um soldado israelense também foi morto, segundo Israel.

Na semana passada, o chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, disse esperar que o conflito em Gaza durasse ainda mais sete meses. Os israelenses afirmam que, além da libertação dos reféns, a ofensiva no território palestino teria como objetivo “exterminar” com o Hamas. Os militantes palestinos, por outro lado, além da troca de prisioneiros, reivindicavam a saída total dos israelenses não só de Gaza, como também dos assentamentos na Cisjordânia.