Bolívia vai consultar Unasul sobre pedidos de desculpas a Morales

Europa

ABI

Garcia Linera disse que as nações sul-americanas vão tomar uma posição conjunta sobre o caso

La Paz – O governo da Bolívia avaliou hoje (23) as desculpas oferecidas pelos quatro países europeus envolvidos no incidente sofrido há três semanas pelo avião do presidente Evo Morales e ratificou que qualquer decisão futura em torno do assunto será tomada em bloco com os membros da União de Nações Sul-americanas (Unasul).

O vice-presidente do país, Álvaro García Linera, sustentou em entrevista coletiva que tomará uma “decisão conjunta” com a Unasul a partir das desculpas apresentadas por Espanha, Itália, França e Portugal à Bolívia. “Recebemos essas desculpas, avaliamos essa atitude que os governos tiveram, mas uma posição oficial tem de ser tomada igualmente de maneira conjunta com o resto dos países da Unasul”, insistiu Linera, presidente interino do país pela viagem do governante Evo Morales ao Equador.

Morales denunciou que teve de permanecer 13 horas na Áustria em 2 de julho, quando retornava para Bolívia desde a Rússia, porque Itália, Portugal e França não deram permissão para aterrissar ou sobrevoar seus territórios por conta da suspeita de que a bordo do avião estivesse o ex-técnico da CIA Edward Snowden.

Snowden, requisitado pelos Estados Unidos por revelar operações de espionagem, permanece desde junho na zona de passagem do aeroporto moscovita de Sheremetievo. Morales incluiu a Espanha em seu protesto porque, segundo disse o embaixador espanhol em Viena, Alberto Carnero, quis revistar sua aeronave para verificar se o americano viajava ou não com ele.

O líder recebeu o respaldo de Unasul, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e dos países do Mercosul, que em sua última cúpula, há dez dias, resolveu chamar para consultas seus embaixadores nas quatro nações europeias.

Os governos desses países apresentaram seus pedidos de desculpa pelo ocorrido com o governante boliviano, que insistiu em pedir que, além disso, revelem quem esteve por trás do bloqueio aéreo sofrido.

A Bolívia acusa Washington de ter pressionado as nações europeias para que impedissem o trânsito aéreo de Morales, incidente que Linera voltou a qualificar hoje de “sequestro”.

Setores sociais leais ao governante convocaram para o próximo 31 de julho um encontro internacional para analisar o tema na cidade central de Cochabamba. Segundo o vice-presidente, o evento vai “embasar um conjunto de postulados e teses antiimperialistas” que “orientem e guiem a luta dos povos do mundo”.