São Paulo – A organização argentina Avós da Praça de Maio foi contemplada, nesta quarta-feira (14) com o prêmio pela paz Félix Houphouët Boigny. Iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a entrega da distinção ocorrerá na sede da organização, em Paris, e contou com a presença da presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, do presidente da Costa do Marfim, Alassane Dramane Ouattara, e de vários outros chefes de Estado ou de governo. 

Mário Soares, presidente dos jurados, justificou a escolha pelo reconhecimento da batalha incansável, de mais de 30 anos, a favor dos direitos humanos, da justiça e da paz. Criada em 1977, o grupo de mulheres protestava na praça de Maio, em Buenos Aires, para localizar as famílias biológicas das crianças sequestradas durante a repressão política da ditadura militar na Argentina.

A organização defende o julgamento de todos os responsáveis pelo sequestro de filhos de presos políticos. Cerca de 150 netos puderam recuperar sua identidade graças a essa ação. Assim, as ativistas ajudam a assegurar que violações deste tipo nunca venham a ocorrer novamente.

As Avós da Praça de Maio serão representadas, na cerimônia, por Estela de Carlotto, presidenta da organização, que receberá, por parte da organização, um cheque no valor de US$ 150 mil,  uma medalha de ouro e um diploma da paz.

O prêmio Félix Houphouët-Boigny foi criado em 1989 e é concedido anualmente pela Unesco. São homenageadas pessoas, instituições e organizações que contribuíram de forma significativa para a paz.

Nelson Mandela e Frederik W. De Klerk; Yitzhak Rabin, Shimon Peres e Yasser Arafat; o Rei Juan Carlos da Espanha e ex-presidente norte-americano Jimmy Carter; o presidente senegalês Abdoulaye Wade; o ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari; e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva estão entre os premiados. A honraria é considerada uma espécie de prévia do Nobel da Paz, porque vários dos agraciados também receberam o prêmio depois.