Afeganistão declara reeleição de Karzai; UE contesta votação

Uma missão de observação eleitoral da União Europeia disse que até 1,5 milhão de votos são 'suspeitos'

Cabul – O presidente afegão, Hamid Karzai, foi reeleito em primeiro turno nas eleições do mês passado, segundo resultados oficiais divulgados nesta quarta-feira, mas a União Europeia disse que mais de um terço dos votos estão sob suspeita de fraude.

Resultados preliminares de 100% das seções mostram Karzai com 54,6% dos votos, contra 27,8% do ex-chanceler Abdullah Abdullah. Os números só serão considerados definitivos depois de serem aprovados por um outro órgão de fiscalização eleitoral, que exigiu uma recontagem em 10% das seções.

Mas Waheed Omar, porta-voz da campanha de Karzai, disse que só “um milagre” para os adversários fará com que Karzai não mantenha a vitória.

A campanha de Abdullah ainda não se manifestou.

A recontagem e oficialização dos números podem demorar semanas, prolongando o limbo político que gera preocupações no exterior quanto à estabilidade imediata do país e a solidez política do futuro governo.

Uma missão de observação eleitoral da União Europeia disse que até 1,5 milhão de votos — sendo 1,1 milhão para Karzai — eram “suspeitos.”

“Qualquer declaração sobre qualquer contagem ou vitória será prematura e não crível”, disse à Reuters o chefe da missão europeia, Phillipe Morillon.

A campanha de Karzai qualificou a declaração da missão da UE como “irresponsável” e disse que só a Comissão de Queixas Eleitorais, um órgão nomeado pela ONU, tem poderes para apontar fraudes.

Ali Najafi, membro da comissão eleitoral do governo afegão, também criticou a UE por divulgar suas suspeitas antes que o processo de impugnação seja concluído.

“Observadores observam. Eles podem dar conselhos (à comissão eleitoral), mas não têm o direito de interferir”, disse ele. Sobre a cifra de votos suspeitos citada pela missão da UE, ele declarou: “Não sei de onde eles tiraram esse número.”

O impasse político no Afeganistão causa preocupação especial para o governo dos EUA, que já mandou milhares de soldados adicionais para o Afeganistão e nas próximas semanas deve anunciar uma decisão sobre o envio de mais tropas para combater a insurgência do Taliban.

Fonte: Reuters

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