Trem-bala chega ao país e Jundiaí quer ter uma das estações

China terá 13 mil km de malha de alta velocidade até 2016; Brasil vai construir 500 Km

Um trem-bala irá de Campinas ao Rio de Janeiro (Foto: Divulgação)

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sediou um seminário sobre os impactos das obras nas cidades e a transferência de tecnologia para o país com a construção do Trem de Alta Velocidade (TAV), com a geração de 65 mil empregos, segundo a Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop). O debate sobre o primeiro trem-bala brasileiro contou com as presença do presidente da entidade, Paulo Skaf, do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo, e do diretor do Departamento de Infraestrutura (Deinfra), Carlos Cavalcanti. O leilão do TAV será em 29 de julho. A obra deverá ligar Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro e está estimada em R$ 33 bilhões pelo governo federal – o setor público investirá 10% desse valor e financiará R$20 bilhões ao consórcio vencedor, que deterá a concessão por 40 anos. 

No encontro, Bernardo Figueiredo, da ANTT, disse que o projeto do TAV prevê algumas paradas obrigatórias – as conexões regionais da capital a São José  dos Campos e Campinas e entre os aeroportos de Viracopos e Cumbica são fundamentais para desafogar o tráfego no Estado. Indagado, na ocasião, sobre a hipótese de o trem-bala parar em Jundiaí, Gerson Sartori, vice-presidente do PT da cidade, foi enfático: “Só depende da gente!” – disse, deixando claro que a possibilidade é altamente viável. “Onde a empresa vencedora quiser construir outras paradas, não há nada que impeça.” Para quem vê a proximidade de Campinas como um “problema”, ele lembra: “No Japão, o trem-bala para a cada 30 km e nem por isso o projeto foi comprometido”. 

No ano passado, Sartori manteve encontro com Paulo Benitis, coordenador regional da empresa Korea High Spead Rail Group for Brasil, que participa de um dos consórcios concorrentes para fazer a obra. “Pelo teor da conversa, saí esperançoso e convencido da necessidade de mobilizarmos a cidade em torno desse objetivo comum.” Ele manteve ainda encontro com Emily Rees, do Serviço Econômico Regional da Embaixada da França, com quem negocia a realização de um seminário em Jundiaí para que a população conheça as possibilidades de transporte público baseado na ferrovia.

A cidade cresce e problemas de trânsito aumentam

Tráfeco no Viaduto Sperandio Pelliciari: sempre cheio (Foto: Douglas Yamagata) Em abril de 2007, três anos após o início das obras, foi inaugurada a nova rodoviária de Jundiaí, ao lado da Rodovia Anhanguera. O principal objetivo era proporcionar mais conforto e segurança aos usuários. O problema é que no entorno da construção não havia alças de acesso para a rodovia. Quem vinha do interior ou saía de Jundiaí no sentido da capital, tinha de ir até à Anhanguera, complicando o gargalo da Avenida Jundiaí e tornando o trânsito caótico. Até hoje, os problemas estruturais e de interligação  com o sistema de transporte coletivo são os mesmos. Tudo continua igual. 

No bairro da Ponte São João, o trânsito está encalacrado. Há uns 20 anos, houve um projeto para a construção de um viaduto. A obra foi iniciada, não foi concluída – a população continua aguardando o viaduto para desafogar o fluxo de veículos –, mas o plano mudou: agora querem construir um túnel. Enquanto nada ocorre, os moradores sofrem com o congestionamento nos Viadutos Sperandio Pelliciari (da Duratex), Torres Neves e na Avenida São João. Outro exemplo: a Avenida União dos Ferroviários termina no bairro Agapeama, o que faz com que todo o fluxo adentre o bairro, causando trânsito lento e trazendo perigo a todos – a opção seria estendê-la até Várzea Paulista, cidade vizinha.

O número de veículos particulares da cidade cresce dia a dia e está acima da média nacional. Em contrapartida, o transporte coletivo é atrasado e ineficaz. Os ônibus são desconfortáveis e sempre lotados (às vezes, partem do terminal com passageiros entalados na porta). O usuário, mesmo pagando passagem única, precisa viajar de terminal em terminal para fazer baldeação, o que o desloca para lugares indesejados, tornando o percurso mais longo e demorado – a solução do problema é o bilhete único, com o usuário escolhendo descer em qualquer ponto da linha para aguardar outro ônibus para o trajeto desejado. A mobilidade urbana mexe com as grandes cidades do país. A presença de grandes populações em cidades metropolitanas, como Jundiaí, demanda novas saídas para o vaivém da população. O bilhete único, adotado por inúmeras cidades pela sua eficiência, é apenas o primeiro passo para que ocorra uma verdadeira revolução na cidade.