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Marina descarta neutralidade e sinaliza apoio a Aécio no segundo turno

Em seu pronunciamento após apuração, candidata do PSB diz que não vai repetir 2010, quando, pelo PV, decidiu não apoiar nem Dilma, nem Serra. Agora, diz que sociedade 'não quer o que está aí'

Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Folhapress

Marina Silva destacou várias vezes sentimento de mudança da população brasileira

São Paulo – Terceira colocada no primeiro turno da eleição presidencial, com 21,31% dos votos, a candidata do PSB Marina Silva disse na noite de hoje (5) que “o Brasil assinalou que não concorda com o que aí está. E vem dando sinalização de que é preciso uma mudança qualificada”, indicando uma possibilidade de aliança com o candidato do PSDB, Aécio Neves. Segundo ela, os partidos que formam a coligação – PPS, PPL, PRP e PHS – têm consenso sobre apoiar algum dos candidatos no segundo turno e o parâmetro para definir alianças terá base programática.

“O nosso programa é a base de qualquer diálogo nesse segundo momento”, disse Marina, destacando que quase 60% dos votos – soma dos opositores da presidenta e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) – foram pela “mudança”. A postura marca uma alteração de rumos em relação às eleições de 2010, quando Marina se declarou neutra entre a petista e José Serra (PSDB).

Marina não respondeu diretamente se está chateada com as críticas feitas pela campanha de Dilma, mas cutucou os petistas. “Eu tive, obviamente, uma postura por parte da candidatura oficial de nos encarar como sendo a que ela mais temia de enfrentar”, afirmou.

Segundo Marina, cada partido vai se reunir separadamente e definir uma postura antes que o debate seja feito no conjunto da coligação. Das siglas que integram a chapa Unidos pelo Brasil, o PPS tem histórico de alianças com o PSDB de Aécio Neves, segundo colocado no primeiro turno. Já o PSB era um aliado do PT até a ruptura com o governo federal no ano passado, quando o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, decidiu se lançar candidato ao Planalto.

Hoje, a senadora tentou evitar confirmar o apoio a Aécio diretamente. “Somos a força da mudança. Temos compromisso com aqueles que não querem voltar para trás, nem ficar patinando no mesmo lugar.”

Perguntada se participaria de um governo cuja candidatura tivesse apoiado para o segundo turno, Marina reafirmou que qualquer aliança feita será programática, e não pragmática. “Nós queremos manter coerência com nosso projeto. A sociedade quer mudança. Nosso programa está coerente com um novo caminho. Nossa decisão vai ser tomada a partir da nossa discussão. A sociedade está mostrando claramente que não quer o que esta aí, do jeito que está aí.”

Apesar da derrota e da perda de fôlego em relação ao momento seguinte à morte de Eduardo Campos, quando chegou a liderar a empatar com Dilma nas pesquisas do primeiro turno e vencer nas projeções do segundo, Marina disse que não se arrepende de nada.

“A decisão de que não vale ganhar a qualquer custo não é uma estratégia de campanha. É uma decisão de vida. Não tenho ética de circunstância. Não me arrependo da decisão tomada de que não íamos ganhar a eleição a qualquer custo. Continuo de pé porque não tive de abrir mão dos princípios para ganhar uma eleição”, declarou.