Tucanato

Aécio começa segundo turno com aposta em São Paulo e Marina para vencer

Candidato do PSDB prega campanha propositiva, mas critica Dilma. Senador corteja Marina dizendo que ambos representam sentimento de mudança e que está disposto a aceitar condições por apoio

Sebastião Moreira/EFE

Ao lado de Serra e Alckmin, Aécio disse agradecer o empenho que lhe garantiu larga vantagem em São Paulo

São Paulo – O candidato tucano à presidência da República, Aécio Neves, começou hoje (6) sua campanha no segundo turno fazendo um movimento para sinalizar que suas duas prioridades iniciais são ampliar o apoio em São Paulo, onde teve expressiva votação de 44,22% do eleitorado, contra 25,82% de Dilma Rousseff (PT), e conseguir o apoio da candidata Marina Silva (PSB), que teve 25,09% da votação. “Fiz questão de amanhecer hoje em São Paulo, para agradecer de forma especial o empenho” do governador reeleito Geraldo Alckmin.

O ex-governador de Minas Gerais apareceu no comitê de seu partido, no Jardim América, acompanhado do vice, o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira, e dos correligionários José Serra, eleito para o Senado, além do próprio Alckmin e do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não apareceu e nem foi mencionado em nenhum dos discursos de Alckmin, Serra e Aécio.

Embora tenha afirmado que respeita “o tempo” das lideranças que pretende ver em seu palanque no segundo turno e não vai “avançar nesse tempo”, o candidato acenou para Marina em seu discurso. “Todos aqueles que acham que o Brasil tem que mudar para avançar serão bem-vindos nessa caminhada”, declarou. Na véspera, Marina afirmou que não repetiria a postura de neutralidade mantida em 2010 e disse que a sociedade brasileira desejava mudança. A decisão formal do PSB, porém, será tomada durante reunião que será realizada quarta-feira em Brasília.

“A partir desse instante minha candidatura é a encarnação da mudança”, complementou o tucano. “Assistimos no primeiro turno à vitória clara desse sentimento de mudança que se espalhou por todo o país”, disse em outro momento. Pela manhã, a candidata do PSB telefonou para o candidato para cumprimentá-lo pelo desempenho na eleição, o que fez também com Dilma.

O candidato foi questionado se vê convergência entre suas propostas e três pontos, que seriam considerados importantes por Marina numa negociação por apoio: defesa do final da reeleição, valorização da sustentabilidade e manutenção dos avanços conseguidos até agora no país nos governos Dilma e Lula. “Vejo neles e até em outros absoluta convergência com o que queremos para o Brasil.”

O tucano também assegurou que pretende fazer uma campanha de “alto nível”. “Quero convidar a candidata Dilma Rousseff para fazermos uma campanha em alto nível, propositiva, à altura do que esperam de nós os brasileiros. Temos projetos que diferem em vários aspectos, é hora dessas diferenças serem explicitadas, sempre com enorme respeito. Ao respeitar o adversário você respeita a própria democracia”, discursou.

Depois disso, porém, Aécio alfinetou Dilma, que hoje disse que o PSDB representa “fantasmas do passado”. “Me surpreende abrir os jornais e ver a candidata oficial falar em fantasmas do passado. Na verdade os brasileiros estão preocupados com os monstros do presente. Inflação alta, recessão, corrupção”, atacou.

Serra, considerado desafeto histórico de Aécio no PSDB, garantiu que se empenhará pela eleição do líder mineiro no segundo turno. “Jogaremos tudo o que temos em matéria de esforço, de ideias, de perspectiva para o país”, prometeu.

Provavelmente não sem motivo, Serra ressaltou o papel decisivo do estado e do tucanato paulista para o desempenho de Aécio Neves. “São Paulo mostrou que tem uma visão de longo prazo, porque fez a diferença no primeiro turno em favor do Aécio Neves. Queremos agora ampliar a diferença.”

Na eleição de 2010, Aécio foi muito criticado nos bastidores do tucanato paulista, segundo o qual ele teria feito “corpo mole” na campanha de Serra em Minas Gerais. No segundo turno, há quatro anos, Dilma teve 46,98%, contra 30,76% de Serra. Na época, Aécio era governador de Minas.

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