Parlamento

PT, PMDB e PSDB têm maiores bancadas na Câmara, que preserva perfil conservador

Representação dos trabalhadores pode cair pela metade, o que indicaria menor resistência contra pressões empresariais por mudanças na legislação

Gustavo Lima/Câmara

PT manteve maior bancada da Câmara, mas viu redução de 20% em relação a 2010, com crescimento do PSDB

São Paulo – Com perdas e ganhos, PT, PMDB e PSDB continuaram com as maiores bancadas na Câmara dos Deputados. Os três partidos também têm o maior número de representantes no Senado, mas em ordem diferente (PMDB, PT e PSDB). Na avaliação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o Congresso mantém seu perfil conservador, e os trabalhadores, que viram sua bancada diminuir, podem ter problemas para resistir a uma pressão empresarial, principalmente no caso de vitória de Aécio Neves (PSDB).

O número de legendas com representação subiu de 22 para 28. Segundo o Diap, a renovação na Câmara foi de 46,4%, com 275 reeleitos e 238  novos. A presença de mulheres aumentou de 47 para 51.

De acordo com o levantamento, a bancada do PT na Câmara caiu de 88 para 70 deputados, embora siga sendo a maior. O PMDB perdeu cinco cadeiras, de 71 para 66, enquanto o PSDB ganhou 11, de 44 para 55. O “estreante” PSD foi de 45 para 36, o PP caiu de 40 para 36 e o PSB aumentou de 24 para 34. A principal surpresa foi o crescimento da bancada do PRB, de 10 para 20, sob a influência dos mais de 1,5 milhão de votos obtidos por Celso Russomanno em São Paulo. “Ele fez a diferença”, diz o diretor do Diap Antônio Augusto de Queiroz. Em relação ao crescimento da bancada tucana, o analista identifica a influência do desempenho também em São Paulo, pelas coligações feitas no estado.

No Senado, que renovou um terço da Casa, cinco dos novos 27 parlamentares são do PMDB. O PSDB e o PDT têm quatro cada, o PSB elegeu três, mesmo número do DEM, enquanto PT, PTB e PSD conseguiram eleger dois cada. PR e PP fizeram um. A maior bancada é do PMDB: 19. Em seguida, ficam o PT, com 13, e o PSDB, com 10.

“Houve redução grande da bancada sindical e manutenção da bancada empresarial”, informa o diretor do Diap. Os números ainda não estavam fechados, mas ele acredita que a representação dos trabalhadores no Congresso, hoje de 91 parlamentares, tenha caído pela metade. Com isso, cresce a necessidade de reeleger a presidenta Dilma Rousseff (PT), para ao menos garantir defesa dos atuais direitos, já que a bancada patronal tem várias propostas no sentido da “flexibilização” ou mesmo redução de direitos, como no projeto que regulamenta a terceirização. “Com essa bancada sindical, a força dos trabalhadores na resistência vai reduzir bastante. Se Dilma não for reeleita, é praticamente certo que essas mudanças virão”, afirma Queiroz.

Segundo as projeções do Diap, hoje com 340 deputados na base aliada, Dilma reeleita cairia para 280, mas teria condições de chegar a até 400 com partidos que apoiam Aécio nesta eleição. Mas na Câmara não teria como aprovar, por exemplo, uma emenda constitucional. Já o tucano, se vitorioso, chegaria inicialmente a 130 deputados. “Ele teria de fazer uma aliança muito grande para conseguir governar.” No Senado, a petista garantiria pelo menos 40 senadores e o tucano, 20.