São Paulo – Depois da divulgação de informações sobre o uso eleitoral de ativos da Caixa Econômica Federal pelo governo anterior, a presidenta do banco, Maria Rita Serrano, disse que a situação é sólida, mas apontou alguns problemas ligados a inadimplência. Citou, especificamente, os programas Consignado do Auxílio Emergencial e de Microfinanças, implementados durante o governo Bolsonaro. “Desde o meu tempo como conselheira de administração, manifestei preocupação em relação a essas medidas, e as questionei por considerá-las contestáveis, implementadas às vésperas das eleições de 2022 e com um apelo excessivo ao endividamento da população vulnerável”, afirmou, em rede social.

Assim, ao assumir a gestão do banco, ela conta que decidiu “paralisar por completo” as operações desses programas. O Consignado do Auxílio Emergencial somou R$ 7,6 bilhões para 2,97 milhões de clientes apenas na Caixa, “sem contar os demais agentes financeiros”. O programa de Microfinanças superou R$ 3 bilhões e atendeu a 3,86 milhões de clientes.

Perdas cobertas pelo Fundo Garantidor

“Atualmente, a inadimplência do Consignado do Auxílio Emergencial ainda se mantém sob controle, visto que os pagamentos são descontados na fonte. No entanto, a inadimplência do programa de Microfinanças ultrapassou 80%, e a maior parte das perdas será coberta pelo FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças), aprovado pela Lei 14.438/2022, que utilizará recursos do FGTS”, informou Rita Serrano.

Ela lembrou ainda que tanto o Consignado como o Microfinanças “estão sendo investigados pelos órgãos de controle, fiscalização e pela auditoria interna”. Além disso, acrescentou, a Caixa vem fornecendo todas as informações solicitadas, “demonstrando nosso compromisso com a transparência e a prestação de contas”. Mas a presidenta do banco disse que o problema afetou o serviço de crédito.

Planejamento orçamentário

“Infelizmente, a falta de cumprimento do planejamento orçamentário do banco, devido a ações casuísticas, aliada à instabilidade na gestão causada pelas denúncias de assédio contra o principal dirigente da instituição, resultou em consequências para a manutenção das linhas de crédito da Caixa, as quais sofreram oscilações no segundo semestre de 2022”, afirmou Rita, citando o ex-presidente do banco Pedro Guimarães.

Ainda assim, afirmou Rita Serrano, a Caixa se mantém sólida. Ela destacou o comprometimento dos funcionários. “Mesmo diante de pressões e ameaças, nossos empregados e empregadas permaneceram firmes, lutando para preservar a natureza pública e sustentável do banco.” E concluiu falando em fortalecimento da governança interna e da transparência em todas as ações. “Temos plena consciência do papel fundamental que o banco desempenha no desenvolvimento e na reconstrução do país e reafirmamos nosso compromisso em atender às demandas da sociedade.”