São Paulo – A borra do café pode ser uma matéria-prima viável para a produção de biodiesel em pequena escala, mostra estudo do  Programa de Interunidade de Pós-graduação em Energia da Universidade de São Paulo (USP), que reúne o Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE), o Instituto de Física (IF), a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e a Politécnica.

Resultado da dissertação de Mestrado de Denise Moreira dos Santos, professora de química do curso técnico de química do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paulo Souza (Ceteps) de São Paulo, o estudo recomenda a produção de biodiesel em  pequenas comunidades para abastecimento de tratores e máquinas agrícolas. 

Segundo a professora, a produção do biodiesel em escala industrial dependeria de um trabalho de conscientização da população para que a borra do café não fosse desperdiçada. A partir de um quilo de café, é possível extrair 100 mililitros de óleo, o que geraria cerca de 12 mililitros de biodiesel. “No Brasil, são consumidas aproximadamente 18 milhões de sacas de 60 quilos de café, num total de 1,08 milhão de toneladas, o que irá gerar uma quantidade considerável de resíduo” aponta Denise.

A professora lembra que a borra é usada como fertilizante em algumas fazendas de café, mas alerta que o uso frequente do produto é inadequado porque o resíduo contem óleos essenciais que podem contaminar o solo. 

De acordo com Denise, o processo de obtenção do biodiesel é o mesmo adotado em outras matérias-prima. “O óleo essencial é extraído da borra de café por meio da utilização de etanol como solvente, posto em contato com um catalisador alcalino, que realiza uma reação de tranesterificação (éster-alcool)  com a qual se obtém o biodiesel”, esclarece.

Segundo Denise, o experimento para obtenção do biodiesel foi realizado em escala laboratorial, com o objetivo de mostrar aos alunos que é possível aproveitar um resíduo que é descartado no meio-ambiente para a produção de energia.

Com informações da Agência USP