Na terceira alta seguida, juros vão a 10,75% ao ano

Aumento foi de meio ponto percentual; decisão foi unânime no Copom, que falou em 'processo de redução de riscos' para a inflação

São Paulo – O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (21) aumentar em meio ponto percentual, para 10,75% ao ano, a taxa básica de juros (Selic). Foi a terceira alta seguida, para a maior taxa desde março do ano passado (11,25%). Em seu comunicado, o comitê citou um “processo de redução de riscos” quanto à inflação.

“Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,75% a.a., sem viés.
Considerando o processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se configura desde a última reunião do Copom, e que se deve à evolução recente de fatores domésticos e externos, o Comitê entende que a decisão irá contribuir para intensificar esse processo”, diz o comunicado, divulgado às 20h25.

Os dois aumentos anteriores tinham sido de 0,75 ponto cada. Assim, nas três últimas reuniões o Copom a taxa básica em dois pontos.

“O aumento da taxa Selic é incompatível com a atualconjuntura, em um momento em que a atividade econômica já aponta para um ritmode crescimento mais moderado”, diz nota divulgada pelo Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro).

Também por meio de nota, assinada pelo presidente em exercício, Miguel Torres, a Força Sindical classificou a decisão de “nefasta” para o setor produtivo. “Esta insensata medida irá aumentar a trava para a produção e a geração de empregos, prejudicando as estimativas de um PIB vigoroso este ano”, afirmou.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado (Ciesp) também criticaram o Copom. “O que é mais importante: as expectativas de mercado ou os números já bem claros de arrefecimento da inflação no Brasil? A quem interessa juros altos: aos poucos do mercado ou aos muitos da sociedade”, afirmou o presidente em exercício da Fiesp, João Guilherme Sabino Ometto. Segundo ele, prevaleceram na decisão as “vuvuzelas” do mercado, que falavam em inflação de demanda fora de controle, o que não se confirmou.

“O aumento da taxa de juros visa a desacelerar o consumo da economia na mesma medida em que retém o seu crescimento”, afirmou, em nota, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB). “Os tecnocratas da ala conservadora do Banco Central deveriam buscar outras formas de intervenção, como partir para uma ação concreta de estímulos aos investimentos produtivos, mesmo porque o País não caminha para um ´superaquecimento da economia´.”