IPCA tem maior alta anual desde 2004

Apesar de desacelerar em dezembro, índice fechou 2010 com inflação de 5,91%; alimentos subiram 10,39% e responderam por 40% do total

São Paulo – Com alta de 0,63% em dezembro (ante 0,83% em novembro), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2010 com inflação de 5,91%, no maior índice desde 2004 (7,6%), equivalente ao resultado de 2008 (5,9%) e bem acima do de 2009 (4,31%). Segundo o IBGE, que divulgou os números nesta sexta-feira (7), o índice foi puxado pelos alimentos, que ficaram, em média, 10,39% mais caros. Apenas os alimentos foram responsáveis por 2,34 pontos percentuais do IPCA do ano, ou 40% do total. Em 2009, os alimentos tinham subido, em média, 3,18%.

O grupo Alimentação e Bebidas teve alta em todas as regiões pesquisadas, com destaque para Curitiba (13,14%). A menor foi a de Porto Alegre (7,53%).

“O consumidor passou a pagar mais caro especialmente pelos feijões, cujos preços chegaram a subir 51,49% no ano”, diz o IBGE. “Mas, levando em conta a importância no orçamento das famílias, a despesa que mais pesou foi a com a compra de carnes. O preço do quilo aumentou 29,64% em média, liderando a lista dos principais impactos ou contribuições para o IPCA do ano (0,64 ponto percentual.” O segundo maior impacto foi o das refeições fora de casa, que subiram 10,62% em 2010 e corresponderam a 0,46 ponto percentual.

“Os alimentos são muito importantes no orçamento das famílias. Produtos importantes, fundamentais na mesa do brasileiro, aumentaram muito mais do que a média”, observou a coordenadora da pesquisa, Eulina Nunes. “Isso aconteceu porque houve problemas climáticos sérios no país, chuvas no primeiro semestre e seca no segundo, forçando a alta de preços. Isso aliado à demanda, que vem aumentando tanto internamente quanto externamente.” Segundo ela, os serviços também pressionaram a inflação, com alta em itens como emprego doméstico e serviços como o de cabelereiros.

 Entre os outros grupos, os produtos não alimentícios subiram 4,61% em 2010, ante 4,65% no ano anterior. O destaque foi o item empregados domésticos, com alta de 11,82%, na terceira maior contribuição para o IPCA total (0,40 ponto percentual).

O item Despesas Pessoais subiu 7,37% no ano, enquanto artigos de vestuário teve alta de 7,52%. Puxado pelas mensalidades escolares (aumento de 6,64%), o grupo Educação fechou com inflação de 6,22%. Já Habitação teve alta de 5%, com aumento nos valores de aluguel (7,42%) e condomínio (7,11%). No item Saúde e Cuidados Pessoais (5,07%), o destaque foram os planos de saúde, com aumentou de 6,86%.

Entre os não alimentícios, os principais itens em queda no ano passado foram  TV, som e informática (-12,25%), emplacamento e licença (-9,51%), seguro voluntário (-3,53%), automóvel usado (-2,01%) e automóvel novo (-1,03%).

Nas regiões, o maior IPCA foi o de Belém (6,86%), influenciado principalmente pelo custo com energia elétrica (17,58%) e alimentos (10,38%). A menor taxa foi a de Recife (4,63%), com queda no custo da energia (-9,16%) e no preço do gás de botijão (-8,98%). O IPCA subiu 5,14% em Porto Alegre, 5,71% em Brasília, 5,79% em São Paulo, 5,84% em Belo Horizonte, 6,41% no Rio de Janeiro.

INPC

O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que fechou o ano com alta de 6,47%, ante 4,11% em 2009. Os alimentos subiram 10,82% – no ano anterior, a alta havia sido de 1,83%.

Calculado desde 1980, o IPCA abrange nove regiões metropolitanas e refere-se a famílias com rendimento de um a 40 salários mínimos. Já o INPC, calculado desde 1979, refere-se a famílias com renda de um seis salários mínimos e inclui os municípios de Goiânia e Brasília.