iaras, borebi e lencóis paulista

Trabalhadores sem-terra deixam fazenda da Cutrale no interior de São Paulo

Para o Incra, área é terra pública grilada. Santo Henrique já foi ocupada quatro vezes pelo MST

São Paulo – Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixaram hoje (5) sem conflitos a fazenda Santo Henrique, nos municípios de Iaras, Borebi e Lençóis Paulista, no interior de São Paulo. Cerca de 300 trabalhadores ocupavam a área desde domingo pela quarta vez, desde 2009. Eles denunciam o uso excessivo de agrotóxicos na produção das frutas e a grilagem de terras públicas.

A área é sede de uma das fazendas da Cutrale, a maior produtora de suco de laranja do mundo. A justiça de Lençóis Paulista determinou na segunda-feira (3) a reintegração de posse.

Segundo Delwek Matheus, da coordenação nacional do MST, o superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Wellington Diniz, reuniu-se com os trabalhadores e se comprometeu a informar a situação da Santo Henrique à Ouvidoria Agrária Nacional.

O Incra afirma que a fazenda está em terras griladas da União e tenta retomá-las desde 2006. Em 2007, o órgão obteve na Justiça decisão favorável, mas a Cutrale conseguiu liminar que suspendeu a reiteração de posse.

Segundo o Incra, a Santo Henrique era uma das fazendas que integrava o Núcleo Colonial Monção, projeto de colonização do governo federal iniciado em 1910 para imigrantes de várias nacionalidades. Essas fazendas somavam aproximadamente 40 mil hectares, abrangendo os municípios de Agudos, Lençóis Paulista, Borebi, Iaras e Águas de Santa Bárbara. Ao todo, o Incra já ajuizou mais de 50 ações judiciais que totalizam aproximadamente 17 mil hectares a serem retomados para a União.

“A Cutrale está usando essas terras que são públicas sem pagar por elas, sem pagar impostos, explorando mão de obra barata, e tudo isso com dinheiro público”, afirma Delwek. Segundo ele, parte dos equipamentos usados na fazenda foi adquirida com linhas de financiamento públicas.

Em 2011, pelo menos nove pessoas ligadas ao MST foram presas ao final da segunda ocupação da fazenda. Elas chegaram a ser acusadas por saque e vandalismo, mas o inquérito foi anulado por falta de provas.

Leia também

Últimas notícias