Polícia intima mulher da ‘família tradicional’ que cometeu ataque homofóbico em São Paulo
Deputada Erika Hilton (Psol-SP) pediu que grupo de combate à intolerância do MP-SP assuma as investigações do caso e também apure eventual negligência da PM, que mandou a agressora para casa
Publicado 07/02/2024 - 21h47
São Paulo – A Polícia Civil de São Paulo identificou Jaqueline Santos Ludovico como a mulher que cometeu ataque homofóbico contra um casal gay dentro de uma padaria localizada em Santa Cecília, na região central da capital paulista, no último sábado (3). Ela foi intimada a prestar depoimento, assim como os policiais militares que atenderam a ocorrência.
Uma das vítimas, o jornalista Rafael Gonzaga, publicou nas redes sociais as cenas do ataque, que ele classificou como “um filme de terror”. Ele relata que a mulher começou a gritar ofensas homofóbicas ainda no estacionamento do estabelecimento.
Já dentro da padaria, ela agrediu o casal. Rafael relatou que foi agredido no rosto e ficou com o nariz sangrando. Enquanto o namorado filmava o ataque, ele ligou para a polícia. “Quando a PM chegou, ao invés de levar a agressora pra delegacia, ela foi mandada pra casa”, lamentou a vítima.
Nas imagens, Jaqueline chama Rodrigo e o namorado de “viados” e profere outros xingamentos homofóbicos. “Eles acham que são viados e podem fazer o que eles querem. Sou mais mulher do que você. Eu sou mais macho que você. Tirei sangue seu, foi pouco”, disse a agressora.
Além da homofobia explícita, a agressora diz que é “branca” e aponta para a cor da pele do braço, em atitude tipicamente racista. Reclamou ainda que “os valores estão invertidos”, disse que é “de família tradicional” e supostamente “educada”, “diferente dessas porras aí”.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a polícia já ouviu as vítimas e requisitou exame de corpo de delito. A Pasta disse ainda que analisa as imagens e realiza diligências, “visando identificar novas testemunhas, bem como obter demais evidências que auxiliem na elucidação dos fatos”.
Deputada aciona o MP
Nesta quarta (7), pelas redes sociais, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) disse que solicitou que o Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), assuma as investigações. Além do crime de homofobia, ela também pede a apuração em relação a alegada negligência dos policiais militares durante o atendimento da ocorrência.
HOMOFOBIA É CRIME E NÃO SERÁ TOLERADA ❌
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) February 7, 2024
No último sábado, em São Paulo, um casal foi vítima de agressões homofóbicas em uma padaria em São Paulo. As cenas são chocantes.
Por isso eu, Erika Hilton, e a ativista @AmandaPasc38283 solicitamos que o Grupo Especial de combate à… pic.twitter.com/Pk9omtbJj0
Ao mesmo tempo, diante da repercussão do caso, a agressora apagou sua conta no Instagram e no X. Sua conta no Facebook, no entanto, permanece ativa. Pelas fotos e informações do perfil, Jaqueline é solteira e tem duas filhas, o que contraria o seu discurso de “família tradicional”. Além disso, circula outra publicação atribuída a ela em apoio à greve dos caminhoneiros em 2018. Assim, junto ao comportamento homofóbico e a palavras proferidas durante o ataque, especula-se que se trata de uma típica bolsonarista.