"Filme de terror"

Polícia intima mulher da ‘família tradicional’ que cometeu ataque homofóbico em São Paulo

Deputada Erika Hilton (Psol-SP) pediu que grupo de combate à intolerância do MP-SP assuma as investigações do caso e também apure eventual negligência da PM, que mandou a agressora para casa

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Jaqueline Santos Ludovico foi identificada pela polícia como autora do ataque homofóbico

São Paulo – A Polícia Civil de São Paulo identificou Jaqueline Santos Ludovico como a mulher que cometeu ataque homofóbico contra um casal gay dentro de uma padaria localizada em Santa Cecília, na região central da capital paulista, no último sábado (3). Ela foi intimada a prestar depoimento, assim como os policiais militares que atenderam a ocorrência.

Uma das vítimas, o jornalista Rafael Gonzaga, publicou nas redes sociais as cenas do ataque, que ele classificou como “um filme de terror”. Ele relata que a mulher começou a gritar ofensas homofóbicas ainda no estacionamento do estabelecimento.

Já dentro da padaria, ela agrediu o casal. Rafael relatou que foi agredido no rosto e ficou com o nariz sangrando. Enquanto o namorado filmava o ataque, ele ligou para a polícia. “Quando a PM chegou, ao invés de levar a agressora pra delegacia, ela foi mandada pra casa”, lamentou a vítima.

Nas imagens, Jaqueline chama Rodrigo e o namorado de “viados” e profere outros xingamentos homofóbicos. “Eles acham que são viados e podem fazer o que eles querem. Sou mais mulher do que você. Eu sou mais macho que você. Tirei sangue seu, foi pouco”, disse a agressora.

Além da homofobia explícita, a agressora diz que é “branca” e aponta para a cor da pele do braço, em atitude tipicamente racista. Reclamou ainda que “os valores estão invertidos”, disse que é “de família tradicional” e supostamente “educada”, “diferente dessas porras aí”.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a polícia já ouviu as vítimas e requisitou exame de corpo de delito. A Pasta disse ainda que analisa as imagens e realiza diligências, “visando identificar novas testemunhas, bem como obter demais evidências que auxiliem na elucidação dos fatos”.

Deputada aciona o MP

Nesta quarta (7), pelas redes sociais, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) disse que solicitou que o Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi), do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), assuma as investigações. Além do crime de homofobia, ela também pede a apuração em relação a alegada negligência dos policiais militares durante o atendimento da ocorrência.

Ao mesmo tempo, diante da repercussão do caso, a agressora apagou sua conta no Instagram e no X. Sua conta no Facebook, no entanto, permanece ativa. Pelas fotos e informações do perfil, Jaqueline é solteira e tem duas filhas, o que contraria o seu discurso de “família tradicional”. Além disso, circula outra publicação atribuída a ela em apoio à greve dos caminhoneiros em 2018. Assim, junto ao comportamento homofóbico e a palavras proferidas durante o ataque, especula-se que se trata de uma típica bolsonarista.