São Paulo – Porta-bandeira histórica da centenária Portela, Vilma Nascimento, 85 anos, sofreu abordagem de possível cunho racista no aeroporto de Brasília, na última terça-feira (21). Ironicamente, ela havia viajado à capital federal para receber homenagem na Câmara pelo Dia da Consciência Negra, celebrado no dia anterior.

Imagens mostram Vilma sendo obrigada a abrir a bolsa para “provar” que não tinha furtado nada. Ela estava na loja Duty Free Shop. No vídeo, é possível ouvir uma conversa com Danielle, sua filha.

“Esqueceu de pagar algum produto, mãe?”

“Eu? Não comprei nada. Como é que vou pagar?”

“Mãe, não fala nada. Só faz o que ela está pedindo e depois a gente vê.”

“Cena lamentável”

Depois, é possível ver Vilma pegando alguns pertences que caíram no chão. O neto Bernard contou ao portal g1 que ela estava aguardando para embarcar quando resolveu comprar uma refrigerante na loja, por onde já havia passado momentos antes. Na volta, uma segurança teria dito que precisava ver sua bolsa em lugar reservado.

O cantor e compositor Paulinho da Viola, portelense, publicou mensagem em suas redes sociais, afirmando que a “eterna porta-bandeira” Vilma foi vítima de um ato inaceitável. “Foi com dor e indignação que vi o vídeo dessa cena lamentável, onde Vilma constrangida mostra seus pertences e se explica para uma funcionária”, postou.

“Apesar de todos os esforços que temos feito para combater esse preconceito, ele acontece diariamente toda vez que uma pessoa é agredida, humilhada, constrangida e ferida dessa maneira”, disse ainda Paulinho. “Eu também me sinto ferido. Sinto muito, querida Vilma, sinto mesmo. Vc é muito maior que tudo isso.”

A loja divulgou nota se desculpando pelo episódio e informou que a segurança foi afastada.