Resistência

Nas tribunas e nos palcos, Idibal Pivetta defendeu presos políticos e a arte teatral

Além de atuar na defesa de perseguidos pela ditadura, ele ajudou a criar o Teatro Popular União e Olho Vivo

Reprodução/Montagem RBA
Reprodução/Montagem RBA

São Paulo – Amigos se despedem desde ontem (23) do advogado e dramaturgo Idibal Pivetta, que morreu aos 92 anos. Como enfatizou a Comissão Arns de Direitos Humanos, ele deixa duplo legado. Como defensor de presos políticos, durante a ditadura, e nas artes, dando vida ao Teatro Popular União e Olho Vivo, usando o nome artístico César Vieira.

Nascido em Jundiaí, no interior paulista, Idibal graduou-se em Direito (PUC) e Jornalismo (Cásper Líbero). Também estudou na Escola de Arte Dramática (EAD), se envolvendo com teatro desde meados dos anos 1960. O grupo que ajudou a criar, em 1966, escolheu um texto dele, O Evangelho segundo Zebedeu, para iniciar atividades, com direção de Silnei Siqueira.

Foram muitos os casos em que, como advogado, defendeu presos políticos. O próprio Idibal foi preso algumas vezes, em pelo menos uma por se insurgir contra torturas. Passou 90 dias no DOI-Codi, no Deops e no chamado Presídio do Hipódromo.

“Advogado sempre disponível, tinha um carrinho pequeno em que transportava seu ‘escritório’, uma máquina de escrever Olivetti Lettera, modelo portátil. Estudantes, operários, professores, artistas atingidos pela repressão tinham nele o advogado. Sua voz nunca se calou e ele nunca se furtou a defender qualquer pessoa”, ressalta a Comissão Arns.

Também publicou vários livros. Como Em Busca de um Teatro Popular, João Cândido do Brasil: a Revolta da Chibata e Bumba, Meu Queixada, todos como César Vieira. Além das peças: por Zebedeu, recebeu o prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor autor nacional.


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