Sem um tiro

Lewandowski atribui captura dos fugitivos de Mossoró a sucesso da inteligência

“Estamos celebrando, por assim dizer, uma vitória das forças de segurança, num estado federal como o nosso. Vinte e sete unidades”, disse Lewandowski

Rafa Neddermeyer / Agência Brasil
Rafa Neddermeyer / Agência Brasil
Lewandowski: "Mas para a sociedade brasileira é uma notícia asseguradora, no sentido de que conta com forças de segurança competentes, que cumprem as suas missões constitucionais"

São Paulo – O ministro da Justiça e da Segurança Pública Ricardo Lewandowski concedeu hoje (4) uma entrevista coletiva sobre a recaptura dos dois fugitivos da penitenciária de segurança máxima de Mossoró (RN). As forças de segurança capturaram os criminosos após 50 dias de perseguição. Trata-se da primeira grande ação coordenada pelo ministro. Antes de ocupar seu cargo, ele ocupou cargo de magistrado no Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre a ação, Lewandowski destacou o triunfo da “inteligência”, em uma operação que não disparou um tiro.

“Hoje temos uma boa notícia. Não digo que é uma feliz notícia, porque a prisão de uma pessoa, ou de mais pessoas, nunca é uma notícia boa. Mas para a sociedade brasileira, é uma notícia asseguradora, no sentido de que conta com forças de segurança competentes, que cumprem as suas missões constitucionais”, disse o ministro. Esta foi a primeira vez na história do Brasil em que um condenado conseguiu escapar de um presídio do tipo.

Copartícipes da fuga

A ação conjunta da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e polícias civis de cinco estados prendeu os fugitivos às 13h30, na cidade de Marabá (PA), a 1.600 quilômetros do local de fuga. Eles são Rogério Mendonça e Deibson Nascimento. Criminosos de alta periculosidade, possivelmente integrantes do chamado “Tribunal do Crime” da facção criminosa Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. O ministro destacou que eles contaram com ajuda de comparsas, além de parte da população local. Junto com eles, as forças de segurança prenderam outras seis pessoas.

“Obviamente, eles foram coadjuvados por criminosos externos. Tiveram, portanto, auxílio dos seus comparsas e de organizações criminosas às quais eles pertenciam. Nessa abordagem, constatou-se que os dois fugitivos estavam num verdadeiro comboio do crime. Três carros foram apreendidos, com vários celulares, com um fuzil, uma arma extremamente letal. Nessa operação, foram presos não só os dois fugitivos, mas também quatro comparsas que se encontravam nos demais veículos”, destacou.

Então, o ministro ressaltou que os esforços de inteligência continuam. Isso porque o objetivo é chegar à rede de apoio dos criminosos. “Os trabalho de inteligência continuam. Estamos investigando ainda todas as forças envolvidas, qual é a organização criminosa que participou da fuga. Num primeiro momento, soubemos que alguns moradores infelizmente foram cooptados pelos criminosos, ou pelo crime organizado, facilitando a fuga”, explicou.

Nova estratégia com Lewandowski

No último dia 29 de março, as forças de segurança noticiaram a mudança na estratégia das buscas. Após mais de um mês sem sucesso, o ministro optou pela retirada da Força Nacional. Isso implicou, também, em uma alteração tática. “A mudança de estratégia consistiu em sairmos da busca física, por assim dizer, e trabalhar a partir da inteligência. Sobretudo, a partir do inquérito aberto pela PF de Mossoró. E esta mudança de estratégia contou com sucesso”, disse.

Lewandowski destacou que a presença da Força Nacional tinha uma função maior do que apenas auxiliar nas buscas. “O envio da Força Nacional se deveu não apenas para auxiliar nas buscas, mas sobretudo para dar segurança à população local, na medida em que dois criminosos de alta periculosidade estavam, em tese, ameaçando enfim os moradores daquela localidade”, detalhou.

Inteligência e Lewandowski

O ministro ressaltou que a operação representa uma vitória da articulação entre forças de segurança. “Importante dizer também que nós estamos celebrando, por assim dizer, uma vitória das forças de segurança, num estado federal como o nosso. Vinte e sete unidades, em tese 5.600 guardas municipais, mas essa operação se deu no âmbito de uma entidade chamada Fico – Forças de Combate Organizado, que integram não apenas as forças federais, mas também locais”, disse.

Para o sucesso, o trabalho de inteligência contou com a colaboração conjunta de secretarias de diferentes estados. “Desde o início, de forma bem-sucedida, coordenada, trabalharam a PF, PRF, a PPF, a Força Nacional, as polícias civis e militares do RN, CE, PI, PE e PB, todas integradas, mostrando que é possível haver sim operações conjuntadas de forças distintas. Sobretudo, demonstrou o êxito do trabalho de inteligência. Nós combateremos o crime organizado sobretudo com o trabalho de inteligência, com integração das distintas forças de segurança nacionais distribuídas em todo o território.”

Nunca mais

Finalmente, o ministro não se furtou a comentar as falhas no presídio que levaram à fuga. “Com relação à penitenciária, posso assegurar que ela está reformulada, ainda está sendo reformulada. A modernização da penitenciária está sendo reformulada”, disse. Então, o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, reforçou o compromisso. “Faremos vistorias em todas as cinco unidades. Troca de iluminação. 10 mil câmeras adquiridas e instaladas na medida que chegam dos fornecedores. Procedimentos reforçados, revistas diárias. Problemas estruturais foram corrigidos.”