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Governo Tarcísio admite 13 mortos em ação policial no Guarujá, mas Ouvidoria apura 19

Segundo dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública de SP são 13 os mortos pela ação policial, embora a Ouvidoria da polícia investigue 19; Organização das Nações Unidas pede investigação e punição dos culpados

Divulgação/SSP-SP
Divulgação/SSP-SP
Na primeira fase da operação Escudo, de julho a setembro, a PM deixou 28 mortos

São Paulo – A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou nesta terça-feira (1º) que o número oficial de mortos na operação policial no Guarujá subiu para 13. Ontem o governo admitia que oito pessoas foram mortas desde a última sexta-feira, quanto teve início reação contra a morte de um policial da Rota, no dia anterior. A Ouvidoria da polícia, no entanto, apura a morte de 19 pessoas e tortura e ameaça por parte da força policial, denunciadas por moradores.

Segundo a SSP, 32 pessoas já foram presas e foram apreendidas 11 armas desde o início da operação. E que imagens das câmeras de segurança serão anexadas aos inquéritos e ficarão disponíveis para “consulta irrestrita pelo Ministério Público, Poder Judiciário e a Corregedoria da PM”.

O governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que nega “excessos da polícia” e ontem (31) afirmou estar “satisfeito”, trata as mortes como resultado de um “confronto com as forças de segurança”. Segundo o secretário de Segurança, Guilherme Derrite, trata-se de uma operação para repressão ao tráfico de drogas e ao crime organizado.

ONU pede investigação e punição aos policiais autores das execuções

Todos os casos estão sendo investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos e pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar (IPM).

Ao contrário do governo, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos vê com preocupação a escalada de violência, com uso desproporcional da força contra moradores de comunidades pobres. Em declaração nesta terça-feira (1º), cobra uma ação das autoridades brasileiras para investigar as mortes registradas no Guarujá.

O órgão insiste que os responsáveis pelas execuções sejam levados à Justiça e punidos. “Estamos preocupados com as mortes e pedimos uma investigação imediata, completa e imparcial, de acordo com os padrões internacionais relevantes – particularmente o Protocolo de Minnesota sobre a Investigação de Mortes Potencialmente Ilegais – e que os responsáveis sejam responsabilizados”, diz declaração do comissariado.

Mortes causadas por policiais em serviço aumentam 26% com o governo Tarcísio

Para a ONU, é fundamental que haja uma resposta para a situação. E que os padrões internacionais, estabelecidos no protocolo sejam respeitados. Nos últimos anos, a violência policial tem sido um constante tema das queixas das Nações Unidas ao governo brasileiro, inclusive no que se refere à morte de jovens negros nas periferias das grandes cidades do país.

Os números da ação policial no Guarujá são compatíveis com o aumento da violência policial desde que o governo de Tarcísio de Freitas tomou posse, em 1º de janeiro. De lá para cá a letalidade da polícia aumentou 26%, segundo o Instituto Sou da Paz.

De acordo com a entidade, o aumento de 26% no número de pessoas mortas por policiais militares em serviço no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado é alarmante. E traz muita preocupação. “Precisamos entender melhor esse fenômeno, mas tudo indica que os mecanismos de controle do uso da força [como as câmeras corporais e o uso de armas menos letais], que foram tão bem-sucedidos desde que foram implementados em meados de 2020, estão sendo enfraquecidos”, disse o pesquisador do Instituto Sou da Paz Rafael Rocha.

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Redação: Cida de Oliveira – Edição: Helder Lima


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