Rigor

Flávio Dino defende ‘intensificar fiscalização’ nos clubes de tiro. ‘Existe liberdade de matar?’

Ministro da Justiça afirma que o governo está preocupado com os clubes que não cumprem a lei, mas não confirma que ideia é “fechar quase todos”, como disse Lula

Joédson Alves/Agência Brasil
Joédson Alves/Agência Brasil
Flávio Dino foi o convidado do programa “Bom dia, ministro”, na Empresa Brasil de Comunicação, nesta quarta (26)

São Paulo – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na manhã desta quarta-feira (26) que o governo quer “intensificar a fiscalização nos clubes de tiro e aqueles que não cumprem a lei obviamente serão fechados”. “Tem muita gente reclamando (do novo decreto), eu lamento. São pessoas que fazem um discurso falso de defesa da liberdade. Existe liberdade de matar? Para cometer crime? Para fraudar? Para desviar arma para quadrilha?”, questionou.

Dino foi o convidado do programa Bom dia, ministro, na Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele defendeu o novo decreto de armas, editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas relativizou as declarações do chefe do governo, ontem.

“Eu já falei para o Flávio Dino que a gente tem que fechar quase todos (os clubes de tiro), só deixar aberto aqueles que são da Polícia Militar, do Exército ou da Polícia Civil. É organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro”, disse Lula.

Leia também: Decreto de Lula para regular armas encerra ‘capítulo de trevas’ no Brasil, afirma Dino

Diretriz será cumprida

A ideia do governo, segundo o ministro da Justiça, é fiscalizar rigorosamente. “Infelizmente, na ausência de fiscalização, por trás de atividades legais, implantam-se atividades ilegais. Nós estamos preocupados com essa situação dos clubes de tiro que não cumprem a lei, então a diretriz do presidente vai ser cumprida”, prometeu Dino.

Ele lembrou que o país tem hoje enormes arsenais de armas que foram incentivados pelo governo de Jair Bolsonaro. As ações da Polícia Federal no sentido de coibir o mercado ilegal dirigido ao crime são frequentes. “A PF apreendeu no Rio de Janeiro, numa só cidade, mais de mil armas que iriam para o crime organizado”, disse o ministro.

Ele se referiu à Operação Desarmada III, em Nova Iguaçu, em 15 de março, na Baixada Fluminense. Na ocasião, a Polícia Federal informou ter apreendido cerca de mil armas, grande quantidade de munição – com milhares de cartuchos e projéteis.

Ontem, Lula havia questionado a situação deixada por Bolsonaro. “Por que o cidadão quer uma pistola 9 milímetros? O que ele vai fazer com essa arma? Coleção? Vai brincar de dar tiro? No fundo, esse decreto de liberação de arma que o presidente anterior fez era para agradar o crime organizado“, disse.

Capítulo de trevas no Brasil

Na última sexta-feira (21), Lula e Flávio Dino lançaram o Programa de Ação na Segurança (PAS). Entre outras novas propostas, o chefe de governo assinou o decreto para estabelecer nova política de regulação responsável de armas e munições. Inclusive com redução no número desses artefatos conforme as categorias. Segundo Dino, o decreto encerra “um capítulo trágico de trevas na vida brasileira”.


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