40 anos de lutas

Em sessão na Câmara, MST vaia e fica de costas para o bolsonarista Ricardo Salles

Em sessão de homenagem aos 40 anos do MST, ex-ministro de Bolsonaro tenta tumultuar, mas seu discurso é recebido com vaias pelos representantes do movimento, que lhe deram as costas enquanto ele falava

@lulamarques
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Para além das homenagens, o bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP) tentou criticar o ato. Então, os presentes vaiaram o deputado e permaneceram de costas durante sua fala

São Paulo – A Câmara dos Deputados realizou hoje (28) uma sessão solene no Plenário Ulysses Guimarães para homenagear os 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A iniciativa partiu dos deputados Luiza Erundina (Psol-SP), Valmir Assunção (PT-BA), Marcon (PT-RS) e João Daniel (PT-SE). Para além das homenagens, o bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP) tentou tumultuar e criticar o ato. Então, os representantes do MST vaiaram o deputado e permaneceram de costas durante sua fala.

A data oficial de fundação do MST remonta a janeiro de 1984 em Cascavel, Paraná. Lá, o MST tornou-se um dos principais movimentos sociais do país. Hoje, é um dos maiores movimentos populares do mundo e atua em 24 estados. Em todas as regiões do país, o MST conta com aproximadamente 450 mil famílias assentadas.

Durante a sessão, a deputada Luiza Erundina ressaltou a relevância do MST para o avanço da reforma agrária e a luta contra as desigualdades no Brasil. “São 40 anos de história de luta, sofrimento e violência. Mas também de resultados”, afirmou. Ela fez menção especial à sindicalista paraibana Margarida Maria Alves, assassinada em 1983 por sua defesa dos trabalhadores rurais.

MST em luta legítima

O deputado João Daniel, por sua vez, destacou que a história do MST é marcada por “lutas de grandes homens e mulheres que nunca se curvaram, que nunca se renderam.” A sessão contou com condução da 2ª secretária da Mesa Diretora da Câmara, deputada Maria do Rosário (PT-RS). Além disso diversos parlamentares, representantes do MST e do governo marcaram presença.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, assegurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuará com a reforma agrária. “O Brasil tem terra suficiente para acolher todos os agricultores que querem nela trabalhar”, afirmou.

Gilmar Mauro, integrante da coordenação nacional do MST, agradeceu a homenagem e enfatizou que a história do movimento tem como marca as lutas contra o latifúndio improdutivo. “Enquanto existir neste país uma família sem terra, é nossa obrigação lutar por dignidade humana e ocupar os latifúndios improdutivos”, declarou.

Já Ceres Hadich, da direção nacional do MST, destacou que “nos enche de alegria sermos homenageados por nossos deputados aliados no coração da casa do povo brasileiro”, De acordo com a dirigente, a Sessão foi um momento de celebrar os 40 anos do Movimento e também de reafirmar a continuidade da luta pela reforma agrária. “Celebramos nossos 40 anos olhando para a frente, para o prosseguimento da nossa luta, para a realização do nosso VII Congresso Nacional e é isso que queremos apresentar no próximo dia 28”, destaca a dirigente.