Trabalho internacional

Ativistas pró-democracia lançam centro para divulgação do Brasil nos EUA

Dedicado a pensar a realidade brasileira e apoiar o fortalecimento de movimentos sociais, o Washington Brazil Office tem entre seus embaixadores Wagner Moura e Sônia Guajajara. Lançamento ocorre nesta segunda, às 20h, com transmissão pela TVT

Oliver Kornblihtt - Midia Ninja
Oliver Kornblihtt - Midia Ninja
A WBO também conta com embaixadores oficiais como Sônia Guajajara (foto), Wagner Moura, Gregório Duvivier, Daniela Mercury e Jean Wyllys

São Paulo – Acadêmicos e ativistas pró-democracia e pela preservação da Amazônia lançam nesta segunda-feira (31) um centro especializado no pensamento e divulgação do Brasil nos Estados Unidos, o Washington Brazil Office (WBO). A iniciativa é exclusivamente dedicada a pensar a realidade brasileira e a apoiar o fortalecimento da sociedade civil. Para marcar o lançamento do WBO, uma live será realizada a partir das 20h – no horário de Brasília – com a participação de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Greenpeace Brasil e da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). O evento será transmitido ao vivo no Youtube do Brazil Office e pelos canais da TVT

Além do bloco representativo de cerca de 25 organizações que apoiam, ao todo, o centro, o WBO também conta com “embaixadores” oficiais, como Wagner Moura, Gregório Duvivier, Sônia Guajajara, Daniela Mercury e Jean Wyllys. A organização independente e apartidária surgiu de um esforço coletivo, ainda em 2016, diante do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT). E que, desde 2018, com a fundação da Rede nos Estados Unidos pela Democracia no Brasil, vem tentando se formalizar como uma aliança entre ativistas e acadêmicos comprometidos com a democracia no país, os direitos humanos e o desenvolvimento e meio ambiente. 

Espaço para denúncias

De acordo com a diretora-executiva da WBO, Juliana Moraes, a proposta é que o centro seja uma nova think tank – instituições dedicadas à produção de conhecimento e espaços de pesquisas – para lidar com o Brasil de maneira especializada e com enfoque nos movimentos sociais. 

“O que a gente vem fazendo, em essência, é na verdade construir um bloco contra-hegemônico de denúncias dentro de Washington sobre os retrocessos democráticos dentro do Brasil. E a partir de 2019 e 2020, começamos a ter uma relação muito próxima com líderes de movimentos sociais e ambientais e com organizações brasileiras. Hoje o nosso lançamento contará com uma mesa de discussão com líderes ambientais e sociais mais importantes do nosso país nesse momento e a diretora executiva do Greenpeace Brasil para discutir um pouco do que vem por aí”, observa Juliana, em entrevista a Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual

Observatório da Democracia

Após o lançamento, o Washington Brazil Office já tem como primeira atividade oficial a instalação de um Observatório da Democracia. O projeto será liderado pelo ex-secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) Paulo Abrão, que já atuou como secretário nacional de Justiça. Segundo a diretora-executiva do WBO, o observatório “vem em um momento propício” diante do pleito eleitoral neste ano no Brasil

“Será uma das eleições mais importantes da nossa história em que especialistas falam que, se continuarmos com o mesmo tipo de governo, amanhã não terá mais Amazônia, ela virará uma savana”, aponta. O objetivo, contudo, é que o observatório seja a médio e a longo prazo também espaço para a sociedade civil e as ONGs brasileiras “colocarem a voz para fora em um contexto internacional dentro de Washington”, completa Juliana. Para a executiva, é essencial que o Brasil tenha um contraponto à ascensão principalmente da extrema direita em âmbito internacional. 

“É uma questão histórica. No encerramento do envio de apoio dos EUA para o Brasil, no contexto da ditadura, havia denúncias que estavam sendo feitas no Congresso (estadunidense) por brasileiros e especialistas no Brasil muito parecidas. (…) Mas esses contrapontos não chegam caso um grupo de pessoas não comece a levantá-los, especialmente no contexto de hoje, em que vivemos uma certa guerra de narrativas”, destaca Juliana Moraes. 

Saiba mais na entrevista

Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima