Assassinato de radialista simboliza impunidade de crimes contra jornalistas
Morto há sete anos após críticas à diretoria do Atlético Goianiense, caso do cronista Valério Luiz ainda não foi julgado
Publicado 18/04/2019 - 13h08
Crime vem sendo acompanhado pela opinião pública desde então para realização de júri popular. Juiz adiou julgamento em abril
São Paulo – Os cinco acusados de matar o radialista e cronista esportivo Valério Luiz, assassinado há sete anos após cumprir expediente na Rádio Jornal 820 AM, emissora em que trabalhava no estado de Goiás, ainda não foram a julgamento.
O assassinato teria como mandante o então vice-presidente do Atlético Goianiense, Maurício Borges que, ofendido com as críticas feitas pelo jornalista à diretoria do time, teria encomendado a morte. Valério foi alvejado por seis tiros e entre os acusados estão dois policiais militares.
A mais recente decisão judicial sobre o processo adiou mais uma vez o julgamento. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, titular da 3ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri, afirmou que não há estrutura na comarca para sua realização pelo fato de ser um caso de grande repercussão.
“Passamos pelos recursos dos acusados no STF e enfrentamos todas essas etapas para chegar o momento de realizar o julgamento em júri popular. Agora, esbarrarmos, para nossa surpresa, em uma limitação administrativa absurda como essa”, lamenta o advogado Valério Luiz Filho em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.
Desde a morte do pai, em 2012, Valério Luiz Filho vem lutando por justiça, e criou um instituto que leva o nome do cronista esportivo. “O assassinato do meu pai, a barbaridade sem limite e gratuita que foi, é um caso que realmente não tem como a gente seguir a vida sem conseguir justiça”, ressalta o advogado, observando que o caso reflete o cenário de impunidade e violações contra comunicadores do país.
“Os crimes contra jornalistas têm uma particularidade, geralmente são praticados pela elite política e econômica local”, pontua. “Isso tem reflexo na impunidade porque essas pessoas se utilizam de todos os seus recursos e influência para movimentar a máquina estatal local e não serem responsabilizados”, afirma.