Violência política

TSE determina exclusão do Telegram de grupos bolsonaristas que ameaçaram jornalista: ‘Momento sombrio’

Ministro fala em crime e atentados ao Estado de direito. Mas outros grupos seguem ativos no Telegram

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Após motociata que organizou em 2021, Jackson Villar (segundo a partir da esquerda) posa com Tarcísio e Ricardo Salles: proximidade com líderes bolsonaristas

São Paulo – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ministro Alexandre de Moraes, determinou ao Telegram a “imediata remoção” de grupos bolsonaristas por incitação da violência, entre outras ilegalidades. A decisão ocorre após reportagem da Agência Pública que expôs a atuação dos participantes desses grupos, sob coordenação do autointitulado presidente do Acelera para Cristo, Jackson Villar. Após a publicação, o diretor e editor Thiago Domenici passou a sofrer ameaças.

Na decisão, Moraes cita a exclusão dos grupos “70 Milhões eu Voto Bolsonaro Nova Direita” e uma versão “número 2” com o mesmo nome. Segundo o ministro, estão sendo utilizados para a “prática de atos criminosos e atentatórios contra o Estado democrático de direito”. O jornalista da Pública lembra que há ainda dois grupos ativos: “Canal Nova Direita #70Milhões #OBrasilemBrasília” e “Carta do Bolsonaro”. Integrantes das publicações suprimidas estariam, inclusive, migrando para eles.

telegram bolsonaristas
Bolsonarista tentou se candidatar a deputado nas eleições deste ano (Reprodução)

“Quebrar esquerdistas no cacete”

Jackson Villar tentou se candidatar neste ano a deputado federal por São Paulo pelo Republicanos, mas seu nome foi indeferido. É o mesmo partido do candidato a governador Tarcísio de Freitas. Ainda ontem, Domenici questionou qual seria a relação do ativista com o candidato, que têm fotos juntos e gravação para propaganda eleitoral. Organizador de motociata em junho de 2021, ele também aparece em fotos com outros expoentes do bolsonarismo, como o ex-ministro e deputado eleito Ricardo Salles. Nas gravações obtidas pela Pública, ele fala, por exemplo, em “quebrar esquerdistas no cacete” e “quebrar a urna eletrônica no pau”.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) manifestou solidariedade ao jornalista e à Pública, criada há 11 anos. “A Abraji insta autoridades públicas a garantir a segurança de Thiago Domenici e investigar os grupos organizados que ameaçam e incitam a violência contra jornalistas. Os ataques de hoje (ontem) constituem um atentado contra a liberdade de imprensa, que vive o momento mais sombrio desde a redemocratização do país”, afirma a entidade.


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