Com Carlinhos Cachoeira ainda preso, e com sua máquina de arapongagem que alimentava a revista desmobilizada, a edição da Veja desta semana veio em apoio ao golpe do impeachment relâmpago no Paraguai e fazendo apologia ao golpe na Bolívia.

O vice-presidente do Paraguai, galgado ao cargo de presidente pelo golpe parlamentar, ganhou o generoso espaço para entrevista nas páginas amarelas (a principal da revista). Em outra matéria, cujo título é “Aliança para o atraso” a publicação dispara contra o política externa da presidenta Dilma, em conjunto com os demais presidentes do Mercosul e da Unasul.

O próprio título da matéria traz a nostalgia dos colonizados dos anos 60, da época da guerra fria, quando os EUA lançaram o programa “Aliança para o Progresso” dirigido a dar ajuda assistencialista aos países da América latina, para frear adesão popular à movimentos revolucionários, como havia ocorrido em Cuba.

Mas a revista não parou por aí, e parece ter se entusiasmado a dar uma força para exportar o golpe ao país vizinho. Em outra matéria volta sua artilharia para a Bolívia, requentando antigas acusações levianas já feitas na própria revista, com o título “Os vínculos do governo com o narcotráfico”, parecendo querer criar um clima para um golpe.

Se a revista fosse seguir seu próprio padrão de raciocínio, a matéria poderia se aplicar ao governo tucano de São Paulo, já que há diversos casos de denúncias de corrupção policial, inclusive de agentes do DENARC (Departamento de Narcóticos) que já foram acusados de não prender traficantes mediante propina e, em outras denúncias, de revenda de drogas apreendidas para traficantes.

Quem sabe, depois desse afago, o governo paraguaio não resolve comprar assinaturas da revista para repartições públicas e escolas, como fizeram os governos tucanos de alguns estados brasileiros.