arbitrariedades

Moção de solidariedade a Luiz Inácio Lula da Silva

Está em jogo tentativa de setores que articularam e executaram o golpe de Estado de atacar e inviabilizar organização dos trabalhadores brasileiros por meio da criminalização de suas lideranças

ricardo stuckert/instituto lula/fotos públicas

‘Acolhimento da denúncia contra Lula é parte de campanha política da burguesia’

O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) vem a público para manifestar solidariedade a Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecida liderança da classe trabalhadora e ex-presidente da República, face ao seu indiciamento, bem como de sua esposa, dona Marisa Letícia, e de seus assessores, por suposto crime de corrupção.

A atitude do juiz Sérgio Moro, de realizar o indiciamento de Lula na Operação Lava Jato configura, a nosso ver, flagrante arbitrariedade. As acusações formuladas pelo procurador federal que coordena a operação Lava Jato, Dalton Dallagnol, apresentadas com espalhafato no dia 14 de setembro, carecem totalmente de consistência e credibilidade, como reconhecem os próprios procuradores quando afirmam não ter provas cabais contra o ex-presidente. Tão inconsistentes e infundadas são as acusações, que se tornaram objeto de contundentes críticas no meio jurídico e de posicionamentos de articulistas, até mesmo conservadores, no Brasil e no exterior.

O que está em jogo, na verdade, é a tentativa dos setores que articulam e executaram o golpe de Estado de atacar e inviabilizar a organização dos trabalhadores brasileiros, por meio da criminalização de suas lideranças. Portanto, ser solidário a Lula frente às inconsistentes acusações que lhe são feitas e opor-se a uma ofensiva conservadora que chega ao ponto de induzir o seu linchamento físico (como faz a mais recente capa da revista Veja), é defender os avanços e conquistas econômicos e sociais do nosso país, que alguns setores querem destruir para perpetuar os seculares privilégios de uma oligarquia aliada ao capital internacional, que deseja voltar a explorar nossas riquezas sem nenhum tipo de controle.

A burguesia, através da manobra reacionária do impeachment, substituiu o governo Dilma por Temer para desencadear uma brutal ofensiva contra os direitos dos trabalhadores, que se traduz num conjunto de medidas que pretendem ampliar o saque ao país e aprofundar a exploração dos trabalhadores. Neste quadro, precisamos construir a mais ampla unidade da classe trabalhadora para enfrentar o governo ilegítimo e seus ataques contra os nossos direitos.

O acolhimento da denúncia contra Lula é parte de campanha política da burguesia, que pretende dar mais um passo no processo iniciado com o impeachment. Se apoia, de um lado, nas manifestações reacionárias da classe média, e, por outro lado, na insatisfação da classe trabalhadora com as medidas aplicadas no ocaso do governo Dilma. A tentativa é de legitimar o governo Temer e pavimentar o caminho da eleição de 2018 para um governo capitaneado pelos seus representantes diretos, seja o PMDB de Temer ou PSDB de Alckmin, Serra e Aécio.

Não cabe aos trabalhadores apoiar que a burguesia e sua justiça julguem os governos do PT e seu líder máximo. Não é aceitável que as instituições que sempre mantiveram relações promíscuas com os donos do poder e que se calam sistematicamente em relação à corrupção dos partidos burgueses tradicionais queiram se apresentar como paladinos da moralidade e punir um dos principais dirigentes construídos pelas lutas da classe trabalhadora nas últimas décadas no país. Os únicos que tem autoridade para julgar Lula e o PT são os trabalhadores e suas organizações do movimento sindical e social.

Por isso, repudiamos mais esse ataque da burguesia a toda a classe trabalhadora. Não podemos aceitar que a justiça dos ricos substituam os trabalhadores numa tarefa que é sua, ou seja, decidir os destinos de seus dirigentes e de suas organizações políticas.

É, portanto, em nome da soberania nacional, da democracia, da liberdade de organização e expressão da classe trabalhadora, do Estado de direito e da justiça social que reafirmamos nosso apoio e solidariedade a Luiz Inácio Lula da Silva e rechaçamos a utilização do aparato judicial para, por meio das ameaças contra sua pessoa, tentar intimidar as lutas dos trabalhadores brasileiros.