Dirceu e Lembo concordam: velha mídia errou ao escolher Serra

Ex-governador paulista aponta que consequência é “intranquilidade” e petista destaca que mídia quer participar da divisão de cargos do futuro governo

São Paulo – Em lados opostos da arena política, o ex-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), e o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo (DEM), concordam que os meios de comunicação convencionais erraram ao escolher um candidato nestas eleições. A cobertura partidarizada foi criticada por ambos, em situações também distintas.

De um lado, o petista – cujos direitos políticos foram cassados em 2005 depois de perder o mandato no caso do mensalão –, entende que há um projeto de poder que inclui a velha mídia e que tenta vencer a todo custo a candidata do PT, Dilma Rousseff. Dirceu aponta que não há qualquer base na reclamação de que o governo tenta censurar a imprensa. Pelo contrário, considera que o problema é “abuso do poder de informar, o monopólio e a negação do direito de resposta e do direito da imagem  (…) Como a imprensa já está pressionando pela constituição do governo, já está disputando a constituição do governo. Pode começar a ler nas entrelinhas, quem quer que ela empurra para ser ministro disso, ministro daquilo, e já está disputando para fazer ajuste fiscal…”, afirmou esta semana Dirceu em palestra para petroleiros na Bahia.

De outro, um dos quadros paulistas do DEM, retirado da política cotidiana, avalia que a mídia “está engajada” nesta campanha. “Tem um candidato, que é o Serra, e com isso se perdeu o equilíbrio, vem o desequilíbrio, é desse embate que nasce a intranquilidade… mas ela é transitória. Havendo só um grande vencedor no pleito, que é o movimento social, e estando a mídia engajada como que está… disso nasce essa intranquilidade”, lembrou Lembo em entrevista a Bob Fernandes para oTerra Magazine.

Lembo, quase sempre econômico na quantidade de palavras, não precisa de muito para dizer que Fernando Henrique Cardoso se equivocou ao comparar Luiz Inácio Lula da Silva ao ditador italiano Benito Mussolini e ao afirmar que espera que o atual presidente não esteja beba antes dos comícios. “Isso está fora dos preceitos democráticos e muito além do tom…”, lamenta.

Dirceu, que prefere não ser tão sucinto, lamenta que o tucano José Serra venha se apropriando de muitas conquistas em sua “discurseira.” “A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa (…) Então, ela é a expressão do projeto político, da liderança do Lula e do nosso acúmulo desses 30 anos, porque nós acumulamos, nós demos continuidade ao movimento social”, resume.