A farsa do Estadão

O texto a seguir foi publicado originalmente no blogue de Gilmar Carneiro, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo Quem vê a capa do jornal O Estado de S. […]

O texto a seguir foi publicado originalmente no blogue de Gilmar Carneiro, ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo

Quem vê a capa do jornal O Estado de S. Paulo do último domingo, com uma grande fotografia da repressão, imagina que houve uma grande manifestação na avenida Paulista e que a “Polícia de Choque” do governador Geraldo Alckmin, do PSDB, jogou bombas e bateu nos jovens que eram contra a corrupção. 

É matéria forjada, superdimensionada, manipulação chula, parecendo coisa de estudante contra a ditadura. Se fosse um ato contra o PSDB, eu diria que era coisa dos trotskistas, mas como era contra o governo federal, portanto, convocado pelo PSDB e apoiado pela imprensa, cheira mais a fascismo e a stalinismo. 

Este pessoal de “Política Nacional” do Estadão merece ser demitido do jornal. Enquanto a direção tenta melhorar a imagem do jornal, reforçar a honestidade editorial, valorizar ainda mais as qualidades dos cadernos Internacional, Economia e Cultura, o pessoal da “disputa rançosa entre PSDB e PT” continua baixando o nível.

No sábado à tarde, depois de ler o Estadão, escolhemos duas opções de filmes recomendados pelo jornal. Uma opção era “A Separação” e a outra era “As neves de Kilimanjaro”, ambos passando no Reserva Cultural, cinema caro, porém, bem localizado, na avenida Paulista, e com bom estacionamento. 

Fomos, todos contentes, fazer o tradicional programa paulistano, ir ao cinema e depois comer pizza. Um percurso que demora 15 a 20 minutos demorou mais de uma hora. Quando entramos no buraco da Doutor Arnaldo para sair na Paulista, estava tudo parado. Pacientemente, ficamos conversando e ouvindo músicas. Tudo continuava parado. 

Não tinha um guarda de trânsito, não tinha faixas informando nada e, quando eu liguei o rádio na CBN e na Bandeirantes, para saber alguma coisa, nada, apenas futebol… E o trânsito parado. Depois de mais de meia hora, ao chegar ao Conjunto Nacional, consegui pedir ajuda e chegar à Alameda Santos. Também tudo parado. 

Resolvi cortar caminho e passar pela Alameda Casabranca, cortando a Paulista pelo MASP. Tudo parado e alguns “gatos pingados” sem faixas e sem bandeiras. Apenas alguns policiais militares da tropa de choque. Ninguém sabia o que era.

Ao chegar ao estacionamento da TV Gazeta, onde fica o Reserva Cultural, perguntei indignado aos manobristas o que estava acontecendo. Ninguém soube esclarecer. Achavam que era coisa de “professores em greve”. 

O pior ainda estava por vir: Quando chegamos à bilheteria do cinema, ouvi da vendedora de bilhetes: O filma “A Separação” já começou e não dá para entrar e “As neves de Kilimanjaro” já está esgotado. Isto é, todos os ingressos já foram vendidos. 

Demorarmos mais de uma hora para tentar pegar um filme indicado pelo Estadão e quando chegamos, ambos já estavam fora de cogitação. Lamentável!

Dei aquela olhada triste para minha esposa e perguntei: “E aí?” – Como diz nosso compositor Chico Buarque. Ela respondeu: “O negócio é ir comer a pizza, depois pegar um filme na locadora para assistir em casa. Fizemos isto e voltamos para casa.”

No domingo cedo, quando pego os jornais, o Estadão e a Folha me surpreendem. A principal foto do jornal Estadão é “A grande manifestação popular na Paulista”! – Mentira! Diria novamente Chico Buarque. 

Este tipo de manipulação é perigosíssima, enganadora, fere a imagem do jornal. Ainda ontem, sábado, eu fiz questão de mostrar duas boas matérias do Estadão neste blog. Uma sobre a economia e outra sobre as eleições na França. Ficou faltando uma sobre o disco “Briga de Galo” dos velhos tempos de 1976, que saiu no Caderno2 – Cultural. 

Não acredito que o Estadão esteja “esquizofrênico”, nem que tenha aderido ao “vale tudo”.  Eu continuo achando que o problema é que o editor ou o sub-editor de política nacional ou é fascista ou é stalinista. 

Democrata ele não é…