Impacto da produção de soja fica fora do debate da Rio+20, diz professor da USP
Para Ribeiro, é preciso pensar na capacidade local de produção de água antes de realizar o plantio (Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr) São Paulo – Os impactos ocasionados pelo cultivo da soja […]
Publicado 11/06/2012 - 12h45
Para Ribeiro, é preciso pensar na capacidade local de produção de água antes de realizar o plantio (Foto: Roosewelt Pinheiro/Abr)
São Paulo – Os impactos ocasionados pelo cultivo da soja no Brasil não estarão na pauta da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que iniciará na próxima quarta-feira (13). Essa afirmação é do professor Wagner Costa Ribeiro, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da USP, que ressalta os prejuízos que serão causados no entorno do Parque do Xingu, situado no norte de Mato Grosso e no sul da Amazônia brasileira.
O aumento do cultivo do produto na região está relacionado à valorização da soja no mercado internacional, ocasionado pelo crescimento da exportação de produtos para a China. O parque, primeira reserva indígena criada em 1961 pelo governo federal, tem atualmente, segundo Ribeiro, a sua preservação ameaçada, na medida em que aumentam as queimadas e os desmatamentos em seu entorno.
Para Ribeiro, é preciso equalizar o setor produtivo com as demandas da preservação ambiental e encontrar alternativas. “É preciso pensar em pelo menos duas variáveis, a própria capacidade local de produção de água e a combinação de outras formas de cultivo que não a monocultura”, disse.
O professor afirma também que o desmatamento da região tem consequências diretas nas questões climáticas. “A Amazônia tem um papel importante nas mudanças do clima porque no caso brasileiro, o desmatamento é o principal vetor da emissão de gás do efeito estufa”, disse.
“É possível e necessário diminuir o desmatamento para evitar o agravamento das questões climáticas e pensar estratégias de manutenção da diversidade biológica, incluindo as comunidades que vivem no local”, afirmou.
O acadêmico destaca como importante medida para a preservação da área, o Pacto da Soja, um acordo empresarial para o financiamento, a produção, a comercialização e o consumo sustentável de grãos de soja produzidos na Amazônia e destinados à cidade de São Paulo, mas ressalta que muitas empresas não respeitam o acordo.