Para CPT, maior parte da população não é representada pela bancada ruralista

Com a aprovação do Código Florestal, comemorado pela bancada do agronegócio, Comissão Pastoral da Terra questiona forte presença do setor no Congresso

São Paulo — Em um cenário de mudança no Código Florestal – aprovada ontem (25) pela Câmara na e tida como uma vitória do setor agrícola do Brasil –, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgou, em nota, que repudia o texto aprovado pelos deputados e manifesta indignação “diante da imposição da vontade da bancada ruralista sobre a nação brasileira, colocando em risco o próprio futuro do nosso país.”

A CPT questiona a distribuição de cadeiras na Câmara, onde mais da metade dos deputados denomina-se ruralista, mesmo representando uma minoria da população brasileira. A entidade faz destaque ao desequílibrio de forças num cenário em que somente 16% do total da população brasileira é do meio rural, enquanto na Câmara, 268 deputados, ou seja 52,24% do total, fazem parte da Frente Parlamentar da Agropecuária.

“Para fazerem valer suas propostas, os ruralistas se escondem atrás do discurso da defesa da pequena propriedade, quando é de clareza meridiana que o que está em jogo são os interesses do agronegócio, dos médios e grandes proprietários. Estes, segundo o último Censo Agropecuário de 2006, ocupam apenas 9,12% dos estabelecimentos rurais com mais de 100 hectares e juntos somam 473.817 estabelecimentos que, no entanto, ocupam 78,58% do total das áreas”, diz a carta.

O texto ainda traz citação do professor de Economia da Pontíficia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Ladislau Dowbor: “É preciso resgatar a dimensão pública do Estado. O Congresso tem a bancada das montadoras, a das empreiteiras, a dos produtores rurais, mas não tem a bancada do cidadão!”.

A CPT diz ainda esperar que a presidenta Dilma honre sua palavra, dada durante a companha eleitoral, de não aceitar retrocessos na lei florestal, e se comprometa em vetar os pontos que representam anistia a desmatadores e a redução da reserva legal e preservação permanente. “A natureza e o Brasil vão agradecer”, finaliza a carta.

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