direitos humanos

Número de ativistas ambientais assassinados sobe 59% em um ano; Brasil lidera lista

De acordo com relatório da ONG Global Witness, em 2015, 185 ativistas foram assassinados. Amazônia vive ‘violência sem precedentes’

Goldman Environmental Prize/Divulgação

Apesar de repercussão pela morte da hondurenha Berta Cáceres, violência carece de atenção internacional

Opera Mundi – Um relatório divulgado hoje (20) pela organização não governamental Global Witness indica que 185 ativistas em defesa do meio ambiente foram assassinados em 2015, com o maior número de mortes concentrado no Brasil (50). Este número representa um aumento de 59% em relação ao ano anterior, o maior crescimento registrado pela ONG na história.

De acordo com o estudo On Dangerous Ground (Em Terreno Perigoso), mais de três pessoas foram mortas por semana por defenderem suas terras, florestas e rios contra indústrias destrutivas.

Quase 40% das vítimas de 2015 eram indígenas. Seus “fracos direitos sobre a terra e a isolação geográfica”, segundo a ONG, fazem deles particularmente expostos à grilagem de terras e exploração de recursos naturais”. O país mais letal para defensores do meio ambiente foi o Brasil (50), seguido pelas Filipinas (33) e Colômbia (26).

Conflitos envolvendo atividades de mineração foram os que mais causaram mortes em 2015 – 42, segundo a ONG. Outros setores que contribuíram para óbitos foram o agronegócio, hidrelétricas e madeireiras.

Assunto ‘escapa da atenção’

Apesar da repercussão causada pela morte da ativista hondurenha Berta Cáceres em março deste ano, a organização afirma que o “assunto está escapando da atenção internacional”.

Segundo a entidade, os números “chocantes” são uma evidência de que o meio ambiente emerge como “um novo campo de batalha para os direitos humanos”. “Ao redor do mundo, a indústria vai entrando mais fundo dentro de cada novo território, impulsionada pela demanda de consumo de produtos como madeira, minerais e óleo de palma”, diz a ONG em um comunicado.

O texto também aponta que as comunidades locais “se encontram na linha de fogo de companhias privadas de segurança, forças do Estado e um florescente mercado de assassinos contratados”.

A entidade diz que, devido à ocorrência de muitos conflitos em locais remotos e de difícil acesso, é provável que o número de mortes seja ainda maior.

Violência ‘sem precedentes’ na Amazônia

Ao abordar a situação brasileira, responsável por 27% dos óbitos, a ONG afirma que nos estados da Amazônia houve “violência sem precedentes em 2015, onde as comunidades estão sendo usurpadas por fazendas e plantações agrícolas ou quadrilhas de madeireiros ilegais”.

A ONG cita o assassinato do líder rural Antônio Izídio Pereira, morto no Maranhão em dezembro do ano passado.

Segundo a entidade, seus apelos para receber proteção foram “ignorados”, apesar de ameaças de morte que vinha sofrendo. Além disso, a organização acusa a polícia de nunca ter investigado a morte de Pereira, que denunciava atividade madeireira ilegal no município de Vergel, a 50 quilômetros da cidade de Codó, no interior do Maranhão, onde residia.

De acordo com a Global Witness, 80% da madeira do Brasil é extraída de maneira ilegal, o que representa 25% da madeira ilegal existente no mercado mundial.

Para fazer frente à violência, a ONG pede que os governos dos países afetados aumentem a proteção dos ativistas ameaçados, investiguem os crimes e responsabilizem criminalmente os responsáveis pelas mortes.

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