Conferência do Clima

Na COP28, Lula volta a cobrar dívida de países ricos no combate às mudanças climáticas

Em fala dura na abertura da Cúpula dos Líderes da COP28, que ocorre em Dubai, o presidente disse também que o “planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos” e de “discursos vazios”

Lula ainda destacou que o "futuro da Amazônia não depende só dos amazônidas". E que as promessas não cumpridas pelos países "corroem" a credibilidade das discussões

São Paulo – Na abertura da Cúpula da Ação Climática Global da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso enfático, associando a necessidade do combate à emergência climática ao das desigualdades sociais. E voltou a criticar os países ricos, que passaram calote nos países pobres ao não cumprir acordos internacionais na questão do clima.

Conforme o chefe de estado brasileiro, “o planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. De discursos eloquentes e vazios. Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta?”, questionou Lula, referindo-se ao fato de os países ricos serem os maiores causadores das emissões que levam às mudanças climáticas que penalizam os mais pobres.

A provocação foi dirigida a cerca de 160 chefes de Estado e governo que participam da cúpula nesta sexta (1º) e sábado (2). Ao falar sobre os compromissos do Brasil, Lula lembrou dos desastres naturais que atingiram o Brasil nos últimos meses, como a seca na Amazônia e as tempestades causadas por ciclones que têm devastado o Rio Grande do Sul. Segundo o presidente, esses eventos extremos são uma “amostra de que o planeta já não espera para cobrar a próxima geração”. “A ciência e a realidade nos mostram que, desta vez, a conta chegou antes”, declarou.

Conta chegou para os mais pobres

Lula ainda destacou que o “futuro da Amazônia não depende só dos amazônidas”. E que as promessas não cumpridas pelos países “corroem” a credibilidade das discussões e a crença no multilateralismo. A conta da mudança climática, ainda segundo o presidente, “não é a mesma para todos. E chegou primeiro para as populações mais pobres”.

“A injustiça que penaliza as gerações mais jovens é apenas uma das faces das desigualdades que nos afligem. O mundo naturalizou disparidades inaceitáveis de renda, gênero e raça. Não é possível enfrentar a mudança do clima sem combater as desigualdades”, acrescentou.

Planos de descarbonização

No pronunciamento, o brasileiro também condenou as guerras. Ele lembrou que, em 2022, o mundo gastou US$ 2,2 trilhões em armas – um valor que poderia ter sido investido no combate à fome e no enfrentamento das mudanças climáticas. Lula também advertiu que “é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização” e “trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”.

A discussão é um dos principais temas da COP, que observa que a produção e a queima de energias fósseis é a principal causa do aquecimento global.

Acordos na COP28

Em paralelo, a Conferência já anunciou a aprovação inédita do fundo de perdas e danos. O recurso reunirá cerca de US$ 400 milhões em financiamento para apoiar nações prejudicadas pelo aquecimento global.

A Alemanha e os Emirados Árabes Unidos (EAU) prometeram aportar quase a metade dos recursos no inédito fundo de apoio, anunciado nesta quinta-feira (30) na abertura da Conferência do Clima.

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