Moratória da Soja surte efeitos, mas mudança no Código Florestal pode causar questionamento

Para a ministra Izabella Teixeira, a soja está dando uma contribuição relevante para o combate ao desmatamento (Foto:Jefferson Rudy/MMA) São Paulo – Mesmo com a renovação da Moratória da Soja […]

Para a ministra Izabella Teixeira, a soja está dando uma contribuição relevante para o combate ao desmatamento (Foto:Jefferson Rudy/MMA)

São Paulo – Mesmo com a renovação da Moratória da Soja por mais um ano, o desmatamento na Amazônia feito para abrir novas áreas para plantação de soja na safra de 2010/2011 saltou de 6,2 mil hectares para 11,6 mil hectares em relação ao período anterior (2009/2010). Segundo o coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, a Moratória da Soja pode ser considerada um sucesso, mas a discussão do Código Florestal pode ter relação com os números divulgados, pelo fato de a nova proposta de legislação ambiental considerar a possibilidade de anistia a desmatadores.

“Os fazendeiros não querem cadastrar suas propriedades, eles acreditam que com o código vai haver uma anistia. E o papel da indústria vai ficar ainda mais difícil. Os fazendeiros vão perguntar por que não se compra mais soja deles, já que com o novo código toda aquela plantação passou a ser legal. Mas a indústria ainda afirma que vai ser norteada pela moratória mesmo com Código Florestal”, afirmou Paulo.

Assinada pela primeira vez em 2006, e repactuada ano a ano, a moratória foi renovada até 31 de janeiro de 2013. A partir de imagens dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Grupo de Trabalho da Soja (GTS) sobrevoa polígonos e avalia se houve plantio de soja nas áreas de novos desmatamentos. Se o grão foi plantado nessas áreas de derrubada recente, a fazenda passa a ser boicotada pelos compradores.

Na avaliação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o aumento verificado é absolutamente residual e pode estar associado ao período inicial dos debates sobre a reforma do Código Florestal. Segundo ela, a cadeia produtiva da soja está dando uma contribuição relevante para o combate ao desmatamento na Amazônia. Já o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlos Lovatelli, também acredita que a proposta de reforma do Código fez com que alguns produtores “desavisados” apostassem no desmatamento para produzir, com expectativa de anistia a quem desmatou.

“A soja representa mais da metade dos produtos agrícolas brasileiros. Os compradores de soja estão dizendo: ‘nós não queremos soja que venha do desmatamento, independente do Código Florestal, nós não queremos soja envolvida com desmatamento’, relatou o coordenador do Greenpeace.

A renovação da moratória foi elogiada pela Amazon Alliance, um grupo internacional de empresas compradoras de soja brasileira. Entre elas, o Carrefour e o McDonald’s. Em comunicado, o grupo se diz preocupado com as alterações na lei ambiental brasileira.

Além da Abiove e Greenpeace também fazem parte do GTS o Banco do Brasil, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), o Ministério do Meio Ambiente e as organizações não governamentais Conservação Internacional, TNC, WWF-Brasil e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

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