Dilma destaca importância de a Rio+20 ter conseguido fechar um documento

Presidenta declarou, em relação à tortura da qual foi vítima, que não tem ódio nem vingança, mas tampouco perdão

Rio de Janeiro – Em um mundo multilateral e em um momento em que é difícil obter consensos, foi importante que a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, tenha conseguido elaborar um documento único. A avaliação é da presidenta da República, Dilma Rousseff, antes da cerimônia de encerramento da Rio+20.

“Esse documento é um ponto de partida, não de chegada. Não significa que os países não possam ter sua própria política. É um documento sobre o meio ambiente, desenvolvimento sustentável, biodiversidade, erradicação da pobreza. É necessário ter um ponto de partida. O que nós temos de exigir é que, a partir daí, as nações avancem”, disse.

Para Dilma, na construção do consenso, “respeitar as diferenças é fundamental”. Segundo ela, o Brasil não pode impor sua vontade às demais nações.

A presidenta não comentou as declarações do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, que disse que o documento poderia ser mais ambicioso e que o Brasil teria de ser responsabilizado. Para Dilma, “todos os países envolvidos têm de ser responsabilizados. Ninguém tem de apontar dedo para o outro”, disse.

A presidenta voltou a defender o financiamento, pelas nações ricas, do desenvolvimento sustentável nos países africanos e nas nações insulares. Segundo ela, o Brasil defende essa postura, mas os países desenvolvidos não quiseram assinar o compromisso. “Nós achamos que é fundamental introduzir a questão dos fundos na pauta”, ressaltou.

A presidenta também ressaltou a importância dada à sociedade civil na conferência e destacou que essa foi a conferência das Nações Unidas com maior participação popular. E lamentou o fato de a construção do documento final ser feito apenas por países, por ser esse o formato das conferências da ONU.

Tortura

Dilma disse hoje que não tem qualquer sentimento pelas pessoas que a torturaram durante o regime militar. “Com o passar dos anos, o melhor foi não me fixar nas pessoas, nem ter por elas qualquer sentimento: nem ódio nem vingança, mas tampouco perdão. Não há sentimento que se justifique contra esse ato. Há a frieza da razão. E a razão é não esquecer, por isso criamos a Comissão da Verdade. Odiar é ficar dependente. Isso não é bom sentimento. É preciso virar a página deste país”, disse.

Segundo ela, o mais importante não é o torturador, mas a prática da tortura. “Temos todos o compromisso de jamais deixar isso acontecer”, disse Dilma.

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