Palavras de pouca ação

COP28 tenta fechar texto final, que tende a ser insuficiente

200 países discutem sobre como lidar com o aquecimento global na COP28. Interesses comerciais seguem maiores do que a tragédia climática

Arquivo EBC/Reprodução
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Documento, divulgado hoje (8), apresenta quatro opções de texto. Eles refletem diferentes perspectivas e demandas dos países envolvidos

São Paulo – Os olhos do mundo se voltaram para a mesa de negociações finais da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP28). Na mais importante reunião sobre o clima do mundo, em Dubai, quase 200 países participantes apresentaram o segundo rascunho do documento que delineia o possível futuro da humanidade. Este documento, divulgado hoje (8), apresenta quatro opções de texto. Eles refletem diferentes perspectivas e demandas dos países envolvidos.

Uma das questões mais prementes na agenda desta COP é a inclusão no documento final de uma previsão clara e decisiva sobre a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. Este ano já é o mais quente em 125 mil anos. Os efeitos do aquecimento global já incidem sobre boa parte da humanidade. E esse cenário deve piorar. O primeiro rascunho já contemplava duas alternativas de texto sobre este tema. Entretanto, o novo documento apresenta quatro opções distintas, refletindo uma gama mais ampla de abordagens e propostas.

Contudo, há ainda uma quinta opção, descrita como “sem texto”. Este documento apresenta discordância de certos países sobre o documento final. Este texto oferece uma perspectiva alternativa ao propor a “eliminação progressiva dos subsídios aos combustíveis fósseis que não abordam a pobreza energética ou a transição justa”.

Sem tempo

O fato é que existe um entendimento majoritário de que não há mais tempo. Sequer para evitar totalmente as tragédias, que já têm impacto em todo o globo. Agora, a solução é lidar com os fatos. E da forma mais ágil o possível. Qualquer contraponto significa, certamente, em milhares ou milhões de mortes.

Os gases do efeito estufa, desencadeados primariamente pela queima de combustíveis fósseis desde a Revolução Industrial, desempenham papel preponderante no aquecimento global. As crises climáticas são evidentes. Basta analisar a realidade. Eventos extremos cada vez mais frequentes, como ondas de calor intensas, prolongadas secas e chuvas catastróficas.

Falta de ação e COP28

Não foi falta de aviso. O Acordo de Paris, firmado em 2015, estabeleceu o compromisso de 195 países em conter o aquecimento global, visando limitá-lo a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. Ele foi ignorado radicalmente pela comunidade internacional.

No entanto, o rascunho atual reafirma a intenção de triplicar, até 2030, a capacidade de energia renovável global. Então, delineando uma transição gradual para fontes de energia mais sustentáveis, substituindo progressivamente aquelas baseadas em combustíveis fósseis.

O representante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), Jim Skea, reiterou a posição do órgão sobre os combustíveis fósseis. Segundo Skea, limitar o aquecimento global a 1,5ºC implica uma significativa redução no uso de combustíveis fósseis, com a completa eliminação do carvão e uma redução substancial de 60% no uso do petróleo e 45% no uso do gás natural até 2050.

A COP28 continua a ser um palco crucial para delinear o futuro do planeta, onde as nações confrontam desafios e buscam consensos cruciais para enfrentar a emergência climática global.

Confira as quatro opções à mesa da COP28:

  • 1: Eliminação progressiva dos combustíveis fósseis de acordo com a melhor ciência disponível; 
  • 2: Eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, em linha com a melhor ciência disponível, com a meta de 1,5ºC do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] e os princípios e disposições do Acordo de Paris; 
  • 3: Eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, reconhecendo a necessidade de um pico no seu consumo nesta década e sublinhando a importância de que o setor da energia seja predominantemente livre de combustíveis fósseis muito antes de 2050; 
  • 4: Eliminar progressivamente os combustíveis fósseis e reduzir rapidamente a sua utilização, de modo a alcançar emissões líquidas zero de CO2 nos sistemas energéticos até meados do século ou por volta dessa data; 

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Com informações da Agência Brasil


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