MP denuncia mais quatro investigados na Operação Lava Jato
Nomes divulgados hoje estão envolvidos em duas denúncias: pagamento de propina de US$ 15 milhões em 2008 e de US$ 25 milhões em 2009, em prospecções na África e no Golfo do México
Publicado 15/12/2014 - 15h50
Ex-diretor da Petrobras, Cerveró foi denunciado por envolvimento com propina por pelos menos duas vezes
Brasília – O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná denunciou hoje (15) à Justiça Federal em Curitiba mais quatro investigados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, pelos crimes de corrupção, lavagem de capitais e crime contra o sistema financeiro nacional. Na ação, os procuradores pedem o ressarcimento de R$ 296 milhões.
Entre os denunciados estão o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e Júlio Gerin de Almeida Camargo, diretor da Toyo Setal, um dos delatores do esquema de corrupção.
Na denúncia, o Ministério Público relata duas ocasiões em que Cerveró, Soares e Júlio Camargo acertaram o pagamento de propina em contratos com a Petrobras.
Na primeira, o MPF afirma que houve pagamento de US$ 15 milhões, em 2008, para que a Petrobras contratasse um navio-sonda para ser utilizado na perfuração de petróleo em águas profundas na África. O valor do contrato era de US$ 586 milhões.
Segundo a denúncia, após a confirmação de que a propina seria paga, Nestor Cerveró atuou para fechar o negócio com o estaleiro Samsung Heavy. Após o acerto, Fernando Soares recebeu os valores indevidos e repassou parte para Cerveró, diz o documento enviado à Justiça.
Em 2009, os procuradores afirmam que foi acertado entre os três envolvidos o pagamento de propina de US$ 25 milhões para que outro navio-sonda com operação do estaleiro Samsung Heavy fosse contratado para operar no Golfo do México. O valor do contrato era de R$ 616 milhões.
A defesa de Fernando Soares alega que o empresário nunca fez negócios ilícitos com a Petrobras. Cerveró afirmou em depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras que não recebeu propina e que desconhece qualquer esquema de corrupção na estatal. Júlio de Camargo foi um dos primeiros investigados a delatar os desvios na Petrobras.
Juiz abre ação penal
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da operação, recebeu hoje (15) denúncia contra nove investigados, seis deles ligados à empreiteira OAS. O doleiro Alberto Youssef , Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, e Waldomiro de Oliveira, ligado ao doleiro, também passam à condição de réus na ação penal.
Com a decisão, responderão a ação penal José Adelmário Filho, Waldomiro de Oliveira, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Mateus Coutinho de Sá Oliveira, José Ricardo Nogueira Breghirolli, Fernando Augusto Stremel Andrade e João Alberto Lazzari. Todos são ligados à OAS.
De acordo com o juiz, há provas e depoimentos de delação premiada, feitos por Youssef e Paulo Roberto Costa, de que os contratos assinados entre OAS e empresas controladas pelo doleiro foram feitos sem a comprovação da prestação dos serviços.
“Em decorrência do esquema criminoso, os dirigentes da OAS teriam destinado pelo menos 1% sobre o valor dos contratos e aditivos à Diretoria de Abastecimento da Petrobrás. Parte dos valores foi paga a Paulo Roberto Costa, enquanto ele ainda era diretor de Abastecimento, e outro montante após a saída dele”, afirmou o juiz.
Semana passada, o Ministério Público Federal no Paraná denunciou 36 pessoas investigadas na sétima fase da Operação Lava Jato. A maioria delas é ligada às empreiteiras.