Ministro Aldo Rebelo descarta intervenção para tirar Marin da CBF
Rebelo e o deputado Romário, durante audiência pública sobre planos e programas do esporte para 2013 (Luis MAcedo/Ag. Câmara) Brasília – Durante audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto, […]
Publicado 10/04/2013 - 09h58
Rebelo e o deputado Romário, durante audiência pública sobre planos e programas do esporte para 2013 (Luis MAcedo/Ag. Câmara)
Brasília – Durante audiência pública da Comissão de Turismo e Desporto, ontem (9), o ministro Aldo Rebelo afirmou que não tem qualquer poder de interferência em relação à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e que não irá interceder para a destituição de José Maria Marin do cargo de presidente da instituição máxima do futebol brasileiro.
Rebelo foi interpelado pelo deputado Francisco Escórcio (PMDB-MA), que cobrou do ministro uma atitude sobre a crise desencadeada dentro da confederação, após as denúncias de colaboração com a ditadura feitas contra Marin. Um abaixo assinado já foi entregue à CBF pedindo a saída do dirigente.
O ministro, porém, disse que o Congresso pode tomar uma atitude com relação à situação. “Não estou propondo que o Congresso promova intervenção. O que estou falando é que o Congresso pode fiscalizar, pode investigar, o que não é da alçada do Poder Executivo.” Rebelo ressaltou que a Lei Pelé, de 1998, tirou a capacidade de mediação do Executivo. “Toda a capacidade de interferência do governo foi retirada.”
Ele se queixou de que o Executivo hoje tem muito pouco poder de interferência nas decisões relativas ao esporte, o que, algumas vezes, deixa o interesse público desprotegido. Aldo citou como exemplo o caso da seleção brasileira de futebol, totalmente comandada pela CBF, que joga com as cores nacionais, em nome do País e na qual a população vê a representação do País.
Na opinião do ministro, o governo não deve ter o poder de indicar presidente de entidade de esporte, de federação, de confederação, mas o governo deve ter maior poder para preservar o interesse nacional e o interesse público no esporte. “O esporte é prática de interesse público e de interesse nacional e o governo responde inclusive por grande parte do financiamento dessa atividade.”
O ministro do Esporte também afirmou na audiência que apoia a proposta da comissão de que a Fifa deixe no Brasil, para investimento em esportes, parte do lucro avaliado em R$ 3 bilhões que a federação deve obter com a Copa do Mundo de 2014.
A proposta apresentada pelo deputado Afonso Hamm (PP-RS) foi adotada pelo presidente da comissão, deputado Romário.
Mobilidade urbana
Com relação às obras de mobilidade urbana e outras realizadas nas cidades-sede, o ministro disse que elas já estavam previstas no Programa de Aceleração do Crescimento e foram apenas antecipadas para coincidir com os eventos. Aldo reconheceu que há dificuldades na estrutura dos portos e aeroportos, mas garantiu que as obras estarão prontas até 2014.
Ele também rejeitou a ideia de que alguns estádios ficarão ociosos após a Copa do Mundo de Futebol. “Eu não compartilho da ideia de que parte dos estádios vão se tornar elefantes brancos. Manaus e Cuiabá são olhados com maior desconfiança, mas não justifica fazer uma Copa do Mundo deixando de fora uma área como a Amazônia, que representa 60% do território nacional.”
Aumento dos gastos
Para o presidente da comissão, deputado Romário (PSB-RJ), é inexplicável que os gastos com arenas previstos inicialmente em R$ 2,2 bilhões estejam hoje em R$ 5,7 bilhões e que 90% de tudo que foi investido tenha vindo dos cofres públicos, exatamente o oposto do que estava previsto.
O parlamentar classifica essa falta de planejamento de desrespeito com o dinheiro público e acusa os responsáveis de se beneficiarem. “É uma tristeza saber que governadores, empreiteiros, prefeitos, dirigentes de confederações estejam se aproveitando desse momento de festa no nosso País e se enriquecendo ilicitamente.”
Aldo Rebelo explicou que não tem ainda a avaliação completa dos valores das obras nos estádios, mas fez questão de afirmar que o governo federal fez empréstimos normais às empresas responsáveis por essas obras.