São Paulo – Os três candidatos à Presidência da República mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto privilegiaram os maiores colégios eleitorais do país. A maior concentração de agenda foi de Marina Silva (PV), que pisou em 15 dos 25 dias no estado de São Paulo. José Serra (PSDB) esteve por quatro dias em Minas Gerais.

Municípios localizados em estados do Sudeste foram os preferidos dos três candidatos, que passaram pelas três maiores concentrações de vontantes — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A candidata governista, Dilma Rousseff (PT), passou quatro dias em Brasília (DF), com atividades variadas, na maioria reuniões e encontros. Mas somados, foram seis dias em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A cobertura da Rede Brasil Atual, que segue os candidatos pelo país em compromissos de campanha permite verificar uma concentração na região sudeste, com destaque para São Paulo. Usando fotos georreferenciadas no Flickr, o mapa de campanha de cada candidato dá dimensão do peso que cada candidato dá para as regiões do país. No entanto, outros fatores como recursos para viagem e entrevistas à veículos de mídia, também ampliram as passagens pela capital paulista e por Brasília (DF).Para o diretor do Instituto Doxa, Manoel Vilas Boas, as escolhas dos candidatos estão vinculadas ao peso estratégico de São Paulo e Minas no conjunto do eleitorado. Somados os votos dos estados alcançam 32% do total, quase um terço. “No caso de Serra, há o fato de o ex-governador (Aécio Neves) ter deixado o cargo com uma aprovação de 70%”, explica.

Aécio (PSDB) disputa uma vaga ao Senado, motivo por que teve de se desincompatibilizar do cargo em março, deixando Antonio Anastasia (PSDB) em busca da reeleição. Na quinta-feira (29), a cúpula tucana anunciou a criação de uma estratégia específica para Minas, com um comitê central e 40 subcomitês para alavancar o candidato tucano no estado, barrando a chapa informal apelidada de “Dimásia” (combinação do nome da candidata petista com o govenador mineiro).

Analistas entenderam a estratégia como uma forma de contornar uma falta de engajamento de Aécio na campanha do colega de partido. Vilas Boas, cujo instituto de pesquisa é sediado em Belo Horizonte (MG), vê poucos indícios de que essa possibilidade se sustente. “O mais provável é que seja especulação, mas Aécio está logicamente mais empenhado em sua própria campanha ao Senado, o que é natural”, pondera.

O cientista político lembra ainda que, apesar da alta taxa de aprovação do ex-governador, há outro fator a ser considerado. Em todo país e inclusive em Minas Gerais, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto sua gestão na Presidência são bem avaliados por até 80% do total.

Marina e São Paulo

A terceira colocação de Marina Silva nas pesquisas, a necessidade de se fazer mais conhecida e a busca por receitas de campanha são os motivos do enfoque da candidata no estado de São Paulo. “Marina tem uma capilaridade muito menor do que os concorrentes”, relata Vilas Boas. “São Paulo tem peso um peso ainda maior, inclusive em termos de poder econômico, que é um importante meio de viabilizar até a arrecadação de recursos”, ressalta.

Postulantes com estruturas menores, como Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Ivan Pinheiro (PCB), Levy Fidelix (PRTB), José Maria Eymael (PSDC) etc. encontram dificuldades em função do volume de recursos disponíveis. Apesar disso, eles chegaram a fazer viagens a Belém (PA), Florianópolis (SC), Brasília (DF) e outros municípios.

Folga e fôlego

Ela foi quem teve mais dias sem agenda entre os mais citados nas pesquisas eleitorais, passou oito dias – mais de um terço do total – sem compromissos, seja gravando programas para o horário eleitoral, seja em outras atividades. Quem menos teve folgas foi Marina, que não divulgou compromissos em apenas um dia, mas passou outros dois fora do país, em reuniões nos Estados Unidos.

Serra passou por mais estados diferentes e o único a pisar nas cinco regiões do país. O Norte é a menos privilegiada, com uma única visita do tucano. Nem Dilma nem por Marina, senadora pelo Acre, passaram pelos sete estados da região. No caso da candidata do PV, o Sul tampouco foi incluído na agenda.

Marina passou 15 dias em terras paulistas, dois no Rio de Janeiro e mais um em Minas Gerais. Dilma privilegiou menos o Nordeste até aqui, justamente nos estados em que tem melhores percentuais de intenção de votos.

A única data em que nenhum dos três foi caçar votos foi dia 11 de julho, data da final da Copa do Mundo.

Confira os estados onde os candidatos foram desde 6 de julho, início da campanha oficial: