Paralisação

Pilotos e comissários entram em greve por reajuste salarial e melhores condições de trabalho

Trabalhadores reivindicam recomposição das perdas inflacionárias, renovação da convenção coletiva, definição dos horários de início de folgas e cumprimento dos limites já existentes do tempo em solo entre etapas de voos

Commons Wikimedia
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Por determinação do Tribunal Superior do Trabalho , a greve pode atingir só 10% dos funcionários das empresas aéreas

São Paulo – A greve iniciada nesta segunda-feira (19) de pilotos e comissários de bordo prossegue nesta terça, das 6h às 8h, por falta de propostas por parte das empresas. A categoria reivindica recomposição das perdas inflacionárias, melhorias nas condições de trabalho, renovação da convenção coletiva de trabalho, definição dos horários de início de folgas e cumprimento dos limites já existentes do tempo em solo entre etapas de voos.

A paralisação foi aprovada por pilotos e comissários nesta quinta-feira (15) e deve ocorrer diariamente, por prazo indeterminado, no mesmo horário, até que as empresas aéreas resolvam dialogar.

Neste primeiro dia da paralisação, ao menos 20 voos atrasaram no horário de pico. Foram registrados atrasos nos aeroportos de Fortaleza (três voos), Brasília (três voos), Rio-Galeão (3 voos decolaram com atraso e um foi suspenso), no Santos Dumont um voo também foi suspenso  e Belo Horizonte (um voo atrasado). Também tiveram as atividades paralisadas, com menos impactos nos voos Congonhas (em São Paulo), Guarulhos (em São Paulo), Rio-Santos Dumont, Viracopos e Porto Alegre.

“Este foi o primeiro dia de muitos”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Henrique Hacklaender, neste vídeo de balanço do primeiro dia de paralisação. “O momento é este e isso precise ter um basta. As empresas precisam alterar sua forma de tratar seus tripulantes.”

Proposta patronal reprovada pela maioria

Por determinação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a greve pode atingir somente 10% dos funcionários das empresas aéreas. Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), os voos que transportam órgãos, vacinas e pessoas enfermas não serão impactados.

Uma proposta apresentada pelo Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea) foi rejeitada por 76,3% dos pilotos, copilotos e comissários de bordo após negociação intermediada pelo vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Aloysio Corrêa da Veiga.

A proposta previa a renovação da atual convenção coletiva dos aeronautas, reajuste de salários e benefícios pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mais 0,5% de ganho real (acima da inflação) e a inclusão de uma nova cláusula que autoriza os tripulantes a venderem voluntariamente algumas folgas.

Tripulantes se apresentam, mas atrasarão decolagens

Na sexta-feira (16), a ministra Maria Cristina Peduzzi, do TST, atendeu parcialmente a um pedido das aéreas e determinou a manutenção de 90% dos tripulantes seguissem na ativa. Os tripulantes seguirão trabalhando e se apresentarão a seus postos de trabalho, mas atrasarão as decolagens do início da manhã.

Em transmissão na tarde do domingo, Hacklaender orientou os tripulantes a ir aos aeroportos, mesmo aqueles que não estão com decolagens programadas para o início da manhã.

“Vai para o aeroporto, se reúne com os colegas que estiverem lá e, a partir daí ficamos no aeroporto até 8h da manhã”, disse. “‘Ah, mas minha decolagem é entre as 6h e as 7h’. Não tem problema, se reúne com seus colegas e fica lá em sinal de protesto a essa proposta que não condiz com o que foi solicitado”, afirmou.

Greve engloba toda a categoria

O dirigente disse, na transmissão, que as empresas não aceitaram discutir regras para descanso, repouso e folgas dos tripulantes. “As empresas se negaram, nesse período todo, a atenderem minimamente isso e, por esse motivo, amanhã, sim, faremos uma paralisação.”

O Snea representa Azul e Gol nas negociações. A Latam diz que discute o acordo coletivo diretamente com os tripulantes, mas, segundo o sindicato, a greve engloba toda a categoria.

Pilotos e comissários confirmam greve a partir desta segunda-feira

(Com informações da CUT)