Perdas

Metroviários de São Paulo se despedem de sede e organizam campanha salarial

Sindicato estima perdas em aproximadamente 10% e vai reivindicar 6% a título de ganho real, além de contratações

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Sindicato tem sede no Tatuapé desde os anos 1980. Tombamento foi negado

São Paulo – Os metroviários de São Paulo elegeram a comissão que vai negociar a pauta de reivindicações da categoria, que tem data-base em 1º de maio. A assembleia de ontem (4) foi a última na sede do sindicato no Tatuapé, arrematada em leilão em 2021. Desde então, os metroviários, no local desde o início dos anos 1980, tentavam resistir.

A última cartada foi em março, quando o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) se posicionou contra o tombamento do local. O sindicato agora tem sede no bairro de Belém, também na zona leste. Para o arquiteto e urbanista Lucas Chiconi, “foi ceifado mais um patrimônio da memória dos trabalhadores de São Paulo”.

Campanha depois de greve

A comissão encarregada de negociar com a Companhia do Metropolitano e com o governo estadual terá representantes dos diversos setores, como operação, manutenção e administração. A campanha se inicia após greve da categoria por abono, que acabou conquistado, no mês passado. E um primeiro “enfrentamento” com o novo governo paulista. Depois disso, dirigentes do sindicato passaram a receber ameaças.

“Houve uma onda de ataques ao sindicato e à categoria”, afirmou na assembleia de ontem à noite a presidenta do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa. Ela atribuiu as ameaças a “pessoas de extrema direita que odeiam luta, odeiam greve”. Além disso, o ataque teria “conteúdo misógino”, já que pela primeira vez há uma mulher à frente da entidade. “Já tomamos as medidas jurídicas e de segurança necessárias”, disse Camila.

Contra a privatização

Na avaliação dos metroviários, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) “tentou construir uma fake news“, ao afirmar que aceitaria a liberação de catracas, enquanto recorria à Justiça para barrar a greve. Os sindicalistas também chamam a atenção para o viés privatista do governo, agora com a Linha 7-Rubi na mira. “Já parou de ser feita a manutenção de vias. Este é o motivo de sucessivos descarrilamentos que estão acontecendo”, afirmou Camila, fazendo referência também ao monotrilho.

Em março, houve colisão na Linha 15-Prata. “O sistema que opera o monotrilho é falho. A Globo (que fez reportagem sobre o tema) e o Ministério Público tinham que cobrar a Alstom (fabricante)”, criticou Camila. Três trabalhadores chegaram a ser demitidos, mas os cortes foram suspensos. O sindicato informou que haverá audiência pública sobre o assunto, na próxima terça (11), na Assembleia Legislativa.

Ela aproveitou para cobrar abertura de concurso na companhia, um dos itens da pauta de reivindicações. “Precisamos de mais funcionários no Metrô. A situação é drástica.” Os metroviários estimam em 9,86% as perdas acumuladas, ainda faltando o índice de abril. Eles pedirão 6% a título de aumento real (acima da inflação).


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