Após GM romper acordo, metalúrgicos de São José dos Campos tentam resistir

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Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress

Cerca de 750 metalúrgicos que trabalham no setor de Montagem de Veículos de Motores vão perder o emprego

São Paulo – A General Motors (GM) anunciou o fim da produção do veículo Classic na fábrica de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, interior paulista. Cerca de 750 metalúrgicos que trabalham no setor de Montagem de Veículos de Motores vão perder o emprego com o fechamento da fábrica. Os trabalhadores se reúnem em assembleia amanhã (21), às 10h, para discutir estratégias contra as demissões.

O anúncio quebra o acordo firmado em janeiro deste ano entre a montadora e o sindicato, que previa a produção do carro Classic, e a consequente manutenção de todos os empregos até o dia 31 de dezembro. O receio do Sindicato dos Metalúrgicos de São José é de que as demissões tragam consequências para outros setores ligados à produção dos veículos, como estamparia, por exemplo, o que atingiria mais 150 trabalhadores.

Os metalúrgicos do MVA estão em licença remunerada de 5 a 26 de agosto, mas a empresa prorrogou a licença até o dia 30. A GM também estendeu o prazo para adesão ao plano de demissões voluntárias (PDV) até sexta (23). Até agora, 178 trabalhadores aderiram.

Na próxima sexta (23), às 8h, os trabalhadores voltam a se reunir com a direção da GM. “É um absurdo que a empresa paralise a produção antecipadamente. Nós vamos cobrar o cumprimento do acordo e a manutenção dos empregos. Não aceitaremos demissões, queremos discutir alternativas para isso”, afirma o secretário-geral do sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

A montadora, que já chegou a produzir 40 carros por hora em dois turnos, reduziu em junho a produção para 20 carros por hora em um turno. Atualmente, a fábrica de São José produz 150 veículos por dia. “Ela está aumentando a produção do veículo na Argentina, porque não seria lucrativo a produção em pequena escala aqui”, diz Mancha.

A assessoria de imprensa da GM afirma que o Classic vinha sendo produzido simultaneamente nas fábricas de São Caetano do Sul (região do ABC paulista) e Rosário (Argentina), e que os custos mais elevados para a produção do veículo, em toda a América do Sul, são na fábrica de São José dos Campos. “O Classic vai continuar sendo produzido normalmente, mesmo porque esse é um dos carros mais vendidos da linha Chevrolet. Mas estamos dispostos a construir caminhos e encontrar alternativas, junto com o sindicato desses trabalhadores, para o encaminhamento dessas pessoas.”