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Bancários se organizam por aumento real, emprego e regulamentação do sistema financeiro

Categoria se reuniu na 26ª Conferência Estadual de São Paulo no sábado (25). E se prepara para evento nacional, previsto para o período de 7 a 9 de junho

SPBancários
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Trabalhadores elegeram os 214 delegados que representarão os trabalhadores de bancos do estado na Conferência Nacional dos Bancários

São Paulo – Os bancários do estado de São Paulo já definiram suas prioridades nesse sábado (25), na 26ª Conferência Estadual da categoria. E o debate será levado à Conferência Nacional, prevista para o período de 7 a 9 de junho, quando será definida a pauta unificada.

Entre as propostas estão aumento real (reajuste que reponha a inflação mais 5% de aumento real nos salários e vales), manutenção dos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), defesa do emprego e a discussão sobre a regulamentação do sistema financeiro. Também há a defesa da retomada da política de valorização do salário mínimo e a política de igualdade salarial entre mulheres e homens nos locais de trabalho.

O lucro dos bancos, que se mantêm na liderança entre os setores mais rentáveis da economia, sustenta a reivindicação da categoria, segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, Neiva Ribeiro. “O lucro somado dos cinco maiores bancos (Itaú, Bradesco, Santander, Caixa e BB) ultrapassou R$ 29 bilhões, com alta média de 15,2% em doze meses. A carteira de crédito dos cinco bancos somou R$ 5,0 trilhões, com alta média de 6,5% em doze meses. De acordo com Pesquisa da Federação dos Bancos há previsão de expansão na concessão de crédito, com indicação de crescimento de 8,8% nos próximos meses”, disse a liderança, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

Neiva lembrou ainda que houve queda na inadimplência devido à redução do desemprego, melhoria na renda das famílias e iniciativas de renegociação de dívidas com os programas governamentais Desenrola Brasil e Programa Acredita, voltado para médias e pequenas empresas.

Após assembleias, os sindicatos de bancários de todo o país vão enviar minutas com as reivindicações à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para dar início à Campanha Nacional Unificada. O objetivo é negociar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria e os Acordos Coletivos de Trabalho (ACTs) específicos dos bancos públicos. Isso porque a vigência termina em 31 de agosto. A data-base da categoria é 1º de setembro.

Participaram 214 delegados eleitos em assembleias realizadas pelos sindicatos e nas conferências regionais preparatórias.

Consulta os bancários

Mais de 7 mil bancários no estado de São Paulo responderam a uma prévia da consulta nacional sobre as prioridades da campanha. Quando perguntados em relação às cláusulas econômicas, na qual poderiam marcar três opções, a mais citada foi o aumento real nos salários (34%), seguido por reajuste diferenciado do Vale Refeição (VR) e Vale Alimentação (VR), correspondente a 21%; e 26% citaram aumento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Quanto às cláusulas sociais, a resposta mais frequente foi a manutenção dos direitos (28%), seguida do tema emprego (20%) e jornada de 4 dias (17%).

O acordo de 2020 foi fechado por dois anos, com 1,5% de reajuste salarial, mais abono de R$ 2 mil, e reposição da inflação (INPC em 2,94%) nas demais verbas, como VA e VR, bem como nos valores fixos da PLR. Em 2023 foi mantida a garantia de reposição do INPC + 0,5% de aumento real para todas as cláusulas econômicas.

Lucro dos bancos

Em 2023, os 5 principais bancos, juntos, obtiveram lucro de R$ 108,5 bilhões (alta média de 2,4%). E isso em um cenário econômico de inflação em baixo patamar. O INPC Acumulado entre setembro de 2023 e abril de 2024 está em 2,85%. A expectativa da inflação para a data-base é de 3,6%.

Balanço de negociações em 2023 mostra que 77% dos resultados analisados alcançaram ganhos acima do INPC, 17,3%, reajustes iguais a esse índice inflacionário e 5,7% ficaram abaixo dele (Dieese). No acumulado do primeiro trimestre do ano, os ganhos reais foram registrados em 86,1% dos 1.825 resultados analisados até 9 de abril.

Empregos

Focados em reestruturações fundamentadas em negócios digitais e na redução de custos, os bancos continuam fechando agências e eliminando postos de trabalho. Em 2023, eliminaram mais de 6 mil empregos, segundo dados do Caged. E fecharam cerca de 475 agências, segundo o Banco Central.

Confira as reivindicações dos bancários em 2024:

  • Aumento real nos salários e vales refeição e alimentação (5% de aumento real);
  • Defesa do emprego;
  • Melhores condições de trabalho e saúde;
  • Contra a terceirização;
  • Defesa dos bancos públicos;
  • Defesa da democracia.

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