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Aumento real e avanços na saúde marcam campanha dos bancários

Presidenta do sindicato de São Paulo comemora mobilização da categoria, que conseguiu dobrar a vontade dos bancos e manter histórico de reajuste acima da inflação

Bancários SP

Para Juvandia, desde o início a categoria percebeu a intenção dos bancos de propor reajuste com perdas

São Paulo – Para a presidenta do Sindicato dos Bancários, Osasco e Região, Juvandia Moreira, a grande conquista da greve da categoria, que terminou ontem (26), após 21 dias, foi derrotar a proposta inicial dos bancos, de reajuste abaixo da inflação, que impunha perdas salariais à categoria. Em entrevista à Rádio Brasil Atual hoje (27) Juvandia ressaltou a conquista do reajuste de 10% sobre os salários, participação nos lucros ou resultados (PLR) e pisos. “Os bancos não conseguiram o que queriam.”

A presidenta também ressaltou o acordo firmado com a federação dos bancos para dar início a uma reorganização estrutural que contribua para reduzir os números de doenças associadas às más condições de trabalho no setor financeiro.

Confira a entrevista:

Os bancários decidiram em assembleia pelo fim da greve. O que se pode dizer que tenha sido conquistado pela categoria, após 21 dias de paralisação?

A grande conquista é termos saído da campanha salarial com reajuste acima da inflação. Conquistamos 10% de reajuste no salário, que corrige as outras verbas, e 14% nos vales refeição e alimentação. Desde o início, os bancos quiseram impor à categoria um reajuste com perda salarial, abaixo da inflação.

O ganho real foi um pouquinho acima da inflação…

O reajuste foi de 10%, o que dá 0,11% de ganho real. A grande vitória da nossa luta é os bancos não conseguirem o que queriam. Começaram a proposta com 5,5%, enquanto a inflação (acumulada em 12 meses, segundo o INPC) foi de 9,88%. A intenção deles era clara e passaram dias em silêncio, sem negociar.

Dias depois de uma greve muito forte, eles foram para 7,5%, depois 8,75%. Assim chegaram aos 10%.

O que foi negociado em relação aos dias parados?

A Fenaban queria que os bancários pagassem ou que os dias de greve fossem compensados. Mas a greve aconteceu por culpa deles. Nós queríamos uma negociação rápida, não uma greve. O que se acordou foi que será compensada uma hora entre o dia seguinte da assinatura do acordo, no início de novembro, até o dia 15 de dezembro.

Você tem ressaltado que foi uma das greves mais forte dos últimos anos. Por quê?

Porque a categoria inteira percebeu a intenção dos bancos. Eles começaram com uma proposta muito ruim, já mostrando que queriam fazer a mudança de modelo das negociações bancárias (sem aumento real), para voltar o que vivemos na década de 90 até 2003, quando nossos acordos eram abaixo da inflação e com abono. A categoria perdeu muito naquela época.

Bancos privados e públicos encerraram a greve?

Isso. Em São Paulo, a proposta foi aprovada em todas as assembleias. Estamos fazendo um levantamento nacional. No Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Porto Alegre, também foram aprovados em todos os bancos. Mas há locais que aprovaram a Fenaban (bancos privados), mas não aprovaram a proposta dos bancos públicos.

A conquista é válida para os bancários de todo o país, já que a categoria tem uma convenção coletiva de trabalho com validade nacional?

Exatamente. Tem mais uma questão, temos um avanço na questão de saúde, estabelecendo um termo de compromisso de mudança pelos bancos nas condições de trabalho para que os trabalhadores não adoeçam tanto como acontece atualmente.

Haverá um acompanhamento das comissões de empresa, que irão acompanhar esse processo de mudanças internas.

Ainda parados

Apesar da maior parte dos bancários do país ter decidido encerrar a greve ontem, parte da categoria ainda se mantém paralisada hoje. Em Mato Grosso e em Roraima, os trabalhadores rejeitaram a proposta dos patrões. Porém, o Sindicato dos Bancários de Mato Grosso convocou para o final da tarde de hoje uma nova assembleia. Os trabalhadores da Caixa Econômica Federal continuam parados no Amazonas, no Ceará, no Distrito Federal, em Goiás, no Pará, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte e em Rondônia.

Também decidiram não voltar ao trabalho os funcionários do Banco do Brasil no Pará, Ceará, Rio Grande do Norte e em Pernambuco. Com exceção do Pará, os servidores do Banco do Nordeste desses estados mantiveram a paralisação. Os empregados do Banco da Amazônia continuam mobilizados no Amazonas e no Maranhão (onde também estão em greve os funcionários do Banco do Nordeste).

No Rio Grande do Sul, os funcionários do Banesul terão uma nova assembleia no início da tarde de hoje.

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