Em mesa de negociação, bancos dizem ignorar adoecimento de trabalhadores

Representantes da Fenaban rejeitaram maioria das propostas para saúde e melhores condições de trabalho feitas pelos bancários

Impasse na negociação com os bancos sobre a saúde dos funcionários (Foto: Jailton Garcia/Contraf-CUT)

São Paulo – Os bancos recusaram as principais reivindicações sobre saúde e condições de trabalho apresentadas pelos bancários na última segunda-feira (5) em rodada de negociação. As instituições negam que as metas propostas aos funcionários sejam causadoras do adoecimento e que o setor apresente números significativos do problema. Frases como “humilhação tem a ver com a postura de alguém, não da empresa”, foram recebidas com indignação pelo Comando Nacional da categoria.

O Comando Nacional dos Bancários apresentou aos representantes do setor patronal as condições precárias de trabalho a que os trabalhadores do setor financeiro vêm sendo submetidos e também problemas consequentes do assédio moral e da cobrança abusiva pelo cumprimento de metas de produtividade e vendas. O relatório foi baseado em levantamento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Entre janeiro e junho de 2009, cerca de 6,8 mil bancários do país foram afastados por doenças, dos quais pouco mais de 2 mil por Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteo-musculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) e 1,6 mil por transtornos mentais. Pesquisa da Universidade de Brasília revelou que houve 181 suicídios de bancários entre 1996 e 2005 – média de 18 ocorrências por ano.

Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, o Comando sugeriu que fosse realizada uma pesquisa conjunta sobre estes dados, diante da intransigência da Federação dos Bancos (Fenaban). “Conhecemos a realidade dos bancários e seja qual for o método utilizado para apurar, a situação que se apresenta é grave, e é isso que queremos resolver. A Fenaban, no entanto, não trata o assunto com a devida seriedade”, condenou.

Para Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a postura dos bancos foi de “absoluto desdém” em relação à saúde dos trabalhadores e às condições de trabalho. “Eles estão sendo irresponsáveis com o sofrimento dos bancários dentro dos locais de trabalho”, criticou. 

A respeito da questão do assédio moral, ambas as partes concordaram em retomar imediatamente a comissão de acompanhamento da cláusula de prevenção de assédio, para a conclusão do balanço dos primeiros seis meses de vigência do programa. Nesta terça (6), os representantes se reúnem novamente para discutir sobre segurança bancária. A rodada de negociação sobre a remuneração foi marcada para a próxima segunda-feira (12).

As negociações seguem nesta terça-feira (6) com debates sobre segurança. Os bancários exigem instalação de mais equipamentos de prevenção contra assaltos e sequestros, melhoria da assistência médica e psicológica às vítimas da violência e insegurança nos bancos, bem como a proibição do porte das chaves de cofres e do transporte de valores por bancários.

As cláusulas econômicas – reajuste salarial, PLR e demais – serão o tema das conversas entre as partes na próxima segunda-feira (12).