Gestão para a vida

Pesquisador da Fiocruz elogia time de transição de Lula na saúde

Para Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia, escalar quatro ex-ministros e um ex-secretário para o grupo técnico do setor sinaliza retomada do protagonismo do Ministério da Saúde. “Sobretudo o Programa Nacional de Imunizações (PNI), seriamente prejudicado na gestão da morte de Bolsonaro”

Elza Fiúza/EBC
Elza Fiúza/EBC
Segundo a ministra, governos se unirão para reduzir filas para diagnósticos, cirurgias e também para aumentar a imunização contra doenças

São Paulo – O epidemiologista Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), elogiou o time para a transição na saúde de Lula. “Com a escolha de quatro ex-ministros e um ex-secretário para integrar o grupo técnico da saúde, o governo de transição, muito provavelmente, devolverá o protagonismo ao Ministério da Saúde. Sobretudo ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), seriamente prejudicado na gestão da morte de Bolsonaro”, disse.

A escolha, que Orellana chamou de “luz no fim do túnel (da morte)”, é formada por médicos. Inclui o senador Humberto Costa (PT-PE), ministro da Saúde de 2003 a 2005, no primeiro governo de Lula; e o deputado federal (PT-SP) Alexandre Padilha, ministro da Saúde no primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de 2011 a 2014.

O pesquisador da Fiocruz José Gomes Temporão, ministro da Saúde no segundo mandato de Lula também. A lista conta ainda com o professor da Unifesp Arthur Chioro, também ministro de Dilma, de 2014 e 2015. E o também professor universitário David Uip, ex-secretário de Saúde em São Paulo durante o governo de Geraldo Alckmin. Uip, porém, recusou, alegando necessidade de mais tempo para se dedicar à família.

Transição na saúde de Lula tem apoio da Opas, ligada à OMS

Um dos maiores especialistas sobre o tema pandemia de covid-19, Orellana advertiu, com antecedência, a crise no Amazonas. A situação prevista foi marcada também pelas mortes por falta de oxigênio no começo de janeiro de 2021.

O então ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, deixou esvaziar o estoque de oxigênio nos hospitais da cidade. No entanto, sua pasta havia sido avisada pela empresa fornecedora do insumo. Uma semana depois, o Brasil e o mundo viram imagens da morte, por asfixia, de pessoas internadas. E da luta de parentes pelos cilindros.

Entre os estudos do epidemiologista da Fiocruz, o mais recente – e inédito – revela que a má gestão da pandemia pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) fez explodir a mortalidade materna. De março de 2020 a maio de 2021, que corresponde à época mais crítica da segunda onda, foram identificadas 3.291 mortes de gestantes e puérperas. Isso equivale a um excesso de 70%, ou seja, 1.353 mortes além do esperado para o período conforme estatísticas epidemiológicas.

Governo Lula levará médicos e vacinas para a população, diz Padilha

O gabinete de transição coordenado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) conta com 31 grupos técnicos. Vão debater temas como saúde, agricultura, assistência social, cultura, economia, educação, entre outros, já estão trabalhando.

“Orgulho em fazer parte da equipe de Transição. Minha experiência está a serviço do Brasil para voltarmos a cuidar do nosso povo. Começaremos por levar médicos, medicamentos e vacinas para a população. Me somo aos demais companheiros: vamos cuidar do nosso povo!”, disse Alexandre Padilha.

Ontem (8), o ex-ministro se reuniu com Socorro Gross, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Ela trouxe uma excelente notícia: a Opas vai disponibilizar todo apoio técnico e financeiro para a comissão de transição da saúde”, disse.

.