Bolsonarismo

Ato da extrema direita em São Paulo reúne milhares de pessoas na Paulista

Manifestação foi convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, acossado pela Polícia Federal em investigações sobre a organização de um golpe de estado

(reprodução/vídeo/Metropoles)
(reprodução/vídeo/Metropoles)

São Paulo – Milhares de pessoas compareceram à Avenida Paulista, em São Paulo, na tarde deste domingo (25), em ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Figuras carimbadas da extrema direita brasileira, como o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito da capital, Ricardo Nunes (União Brasil), além de deputados e senadores, estiveram no local. O pastor Silas Malafaia, que diz ter financiado o evento, também foi à manifestação.

Bolsonaro é alvo de investigações da Polícia Federal sobre a organização de uma tentativa de golpe de estado. Recentemente, ele, ex-ministros e militares foram alvo de operação da Polícia Federal, chamada Tempus Veritatis. Bolsonaro teve de entregar o passaporte e está proibido de manter contato com outros investigados, entre eles o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e os ex-ministros e generais Braga Netto e Augusto Heleno. Costa Neto acabou preso nessa operação.

O plano do golpe, segundo as investigações da Polícia Federal, passava por desacreditar o sistema eleitoral, promover atos antidemocráticos, como os acampamentos em frente a quarteis, e monitorar opositores e autoridades, como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A PF fala, ainda, da criação de documentos para fundamentar juridicamente o golpe.

Pauta

O cerco da PF foi assunto na fala de Bolsonaro. O ex-presidente apresentou uma teoria confusa sobre os trâmites da decretação de estado de sítio para tentar justificar suas ações. “Creio que está explicada essa questão”, concluiu. A seguir, defendeu anistia para os seguidores condenados pela tentativa do golpe no dia 8 de janeiro, a quem chamou de “pobres coitados”. Falou em “passar uma borracha no passado”. Bolsonaro disse ser vítima de perseguição política e deu mais explicações confusas sobre a acusação de tentativa de golpe. Coube a Malafaia vociderar toda a cantilena agressiva da extrema-direita.

Amarelos e Israel

Os apoiadores do ex-presidente começaram a aparecer na Avenida Paulista no final da manhã vestindo majoritariamente camisas amarelas e da seleção brasileira de futebol. Muitos carregavam bandeiras de Israel. O volume maior de pessoas ocupou a região do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Bolsonaro chegou por volta das 15h, pendurado na porta de trás de um carro cheio de seguranças.

Liberdade condicional

Valdemar da Costa Neto foi um dos primeiros a falar, ainda antes da chegada de Bolsonaro. Ele também é alvo de investigação da PF e no início de fevereiro foi preso em flagrante por porte irregular de arma e posse de uma pepita de ouro oriunda de garimpo. Foi colocado em liberdade condicional dias depois, sendo uma das condições não falar com Bolsonaro. Precisou sair rápido dali, antes da chegada do ex-presidente.

Ricardo Nunes e Tarcísio

Nas redes sociais, o deputado federal Guilherme Boulos, pré-candidato do Psol nas eleições municipais de São Paulo, criticou a presença do prefeito Ricardo Nunes no ato da extrema direita. “Enquanto nós defendemos com unhas e dentes a democracia, outros não perdem oportunidade de atentar contra ela, se aliando ao pior que existe na política brasileira. É do lado dessa gente que você quer estar?”, escreveu.

Hospedagem indevida

De acordo com o portal UOL, parlamentares do Psol pediram ao Ministério Público de São Paulo providências devido à hospedagem que Bolsonaro recebeu de Tarcísio de Freitas no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Assinada pelos deputados estaduais Carlos Giannazi e Luciene Cavalcante, pelo vereador Celso Giannazi e pela deputada federal Luciene Cavalcante, a solicitação alega uso indevido de prédio público, além de apontar violação da impessoalidade e a imparcialidade da gestão pública. Tarcísio foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e se elegeu governador com o apoio do ex-presidente.

Debandada

Além de Tarcísio de Freitas, três governadores aliados de Bolsonaro foram para a manifestação da extrema direita: os de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), e Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Também foram registradas as presenças dos filhos de Bolsonaro e outros correligionários do ex-presidente.

De acordo com o Brasil de Fato, nove dos 13 governadores eleitos com apoio dos bolsonaristas não compareceram à manifestação: Cláudio Castro (RJ), Ratinho Jr (PR), Mauro Mendes (MT), Wanderley Barbosa (TO), Gladson Camelli (AC), Antonio Denarium (RR), Ibaneis Rocha (DF), Wilson Lima (AM), Marcos Rocha (RO) e Eduardo Riedel (MS).