Disputa digital

Lula superou Bolsonaro em audiência no YouTube e TikTok em agosto

Candidato do PT teve melhor desempenho segundo as métricas de engajamento e alcance dos perfis. Bolsonaro ainda lidera no Facebook e Instagram

Reprodução / TikTok
Reprodução / TikTok
Lula no TikTok: vídeos curtos para interagir com o eleitor

São Paulo – A campanha do candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou a campanha de Jair Bolsonaro (PL) em audiência nas plataformas do TikTok e YouTube em agosto. Isso é o que mostra um levantamento feito pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV ECMI) a pedido do jornal Folha de S.Paulo.

Foram usadas as métricas de engajamento e alcance dos perfis dos dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas. A análise vai de 28 de julho a 29 de agosto, portanto, abarca o começo do período eleitoral e as semanas que o antecederam.

Bolsonaro tem mais seguidores em todas as redes, legado da persona digital trabalhada há anos com o auxílio do filho Carlos Bolsonaro. Esse número não significa, contudo, que seus conteúdos alcancem mais pessoas, como mostram os dados da FGV.

Em engajamento, o presidente lidera no Facebook e no Instagram, com quase o triplo de curtidas, compartilhamentos, comentários e reações na comparação com Lula. No Twitter, ainda que com distância menor, também movimenta mais.

Por outro lado, Lula explodiu no YouTube e no TikTok, sendo que nesta última ele criou o perfil oficial apenas em junho. A campanha designou uma pessoa para cuidar apenas dessa rede. No YouTube, está investindo em publicidade.

A Folha analisou os conteúdos em cada plataforma. O vídeo mais viral do canal de Lula do TikTok foi no período de um comício em Minas Gerais. “Quero ver vocês alegres, quero ver vocês trabalhando, quero ver vocês estudando, quero ver vocês amando, gostando da vida”, diz.

Outras publicações virais tratam da fome e de feitos do governo petista. Em um deles, Lula se apresenta como político do povo e chama para “ver o timão”, para um “forró mais tarde” e pergunta se já ouviram “a última da Lud” [a cantora Ludmilla].

Os conteúdos de Bolsonaro com maior tração exibem ataques à esquerda e à imprensa. No TikTok, apenas seis passam de 2 milhões de visualizações em agosto; três são recortes da entrevista ao Jornal Nacional.

A produção mais popular, com 6 milhões de visualizações, exibe a palavra “mentira” quando a âncora Renata Vasconcellos diz que ele estava “imitando pessoas com falta de ar” na pandemia.

O vídeo corta para a cena antiga em que ele simula falta de ar e critica o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Sobreposta está a palavra “verdade”.

Leia também: Lula em Manaus: ‘Emprego, estudo e harmonia são sagrados para as famílias’

Para Marco Ruediger, diretor da FGV ECMI, a superação da campanha petista em redes de vídeos está dialogando com a mudança da conjuntura de 2018 para 2022. Na eleição deste ano, a economia se impõe como um tema mais urgente diante de questões morais ou religiosas, segundo ele. “Tanto Lula como Bolsonaro operam no emocional, ambos são carismáticos, mas acho que as pessoas estão cansadas de agressividade o tempo todo”, diz.

Confira a íntegra da reportagem