Na capital federal

Lula sobre PEC do Auxílio: ‘Todo mundo sabe que Bolsonaro é um mentiroso’

Ameaça do atual chefe de governo de provocar o caos em 7 de setembro não deu certo em 2021 e “não vai dar certo de novo”, afirma petista, que tem agenda em Brasília

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Antipetistmo é forte "porque o petismo é forte", diz Lula em entrevista

São Paulo – Em entrevista ao Correio Braziliense publicada nesta terça-feira (12), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a PEC do Auxílio, com a qual Bolsonaro tenta melhorar seus índices na pesquisa. O pré-candidato à Presidência lembrou que o “pacote de bondades” só vale até 31 de dezembro e reafirmou que Bolsonaro é um mentiroso. “O PT queria que o Auxílio fosse de R$ 600 já em 2020. Bolsonaro criou uma série de benefícios em período eleitoral que duram até dezembro. Depois disso, vale a palavra do Bolsonaro. E que não vale nada, como o mundo sabe, porque todo mundo sabe que ele é um mentiroso”, afirmou.

Luta também foi questionado sobre os ataques à sua pré-campanha nas últimas semanas – em Uberlândia e no Rio de Janeiro –, e também sobre o assassinato de Marcelo Arruda na madrugada de domingo (10), em Foz do Iguaçu (PR). O ex-presidente disse que a coordenação tem os responsáveis pela segurança e lembrou que nos dois episódios a reação da segurança foi rápida: “O sujeito do drone (em Minas) foi preso, o homem que jogou a bomba (no Rio) também”.

Sobre as novas ameaças de um golpe de estado por Bolsonaro no próximo 7 de Setembro, Lula afirmou que o presidente “faz um discurso violento, cheio de bravata, bem típico de um covarde, que tenta estimular a violência no país”. “Isso de 7 de Setembro ele, inclusive, já tentou antes. Não deu certo aquela vez e não vai dar certo de novo.”

Golpe x políticas públicas

Segundo relatório da consultoria Gavekal publicado na última sexta-feira (8) e citado pelo jornal Folha de S.Paulo, apesar de um golpe ser improvável, Bolsonaro pode tentar implementar o “caos”. “Acreditamos que um golpe é altamente improvável. Embora haja uma boa chance de Bolsonaro contestar o resultado da eleição, especialmente se não houver um vencedor no primeiro turno, ele não tem apoio de militares de alta patente”, diz o texto dos analistas Tom Miller e Udith Sikand.

Questionado na entrevista ao Correio Braziliense “por que o antipetismo ainda é tão forte”, o ex-presidente respondeu que é “porque o petismo é forte”. “E porque, para derrotar o PT após quatro vitórias eleitorais, foi necessário acumular muita mentira, estimular muita gente de extrema direita a sair do armário para derrotar um partido que construiu políticas sociais contra a fome e a pobreza. Que foram inspiração e modelo no mundo todo”, acrescentou.

Agenda e ato público

Na tarde de hoje em Brasília, Lula recebe da Confederação Nacional do Comercio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) a chamada Agenda Institucional do Sistema Comércio. O documento contém propostas e sugestões do segmento. A confederação discutirá com o pré-candidato números de estudos da instituição que mostram progressivo empobrecimento dos trabalhadores do setor, sob um cenário de inflação de dois dígitos a que chegou a economia sob Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o salário médio real de admissão foi de R$ 1.898 em maio, ante R$ 1.916 em abril e R$ 2.010 em igual mês do ano passado. “A queda no salário de admissão já foi até pior. Mas isso não significa que o salário daqui a pouco vai começar a apresentar ganho. Provavelmente não vai”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC. “Quem está entrando no mercado de trabalho, está predominantemente aceitando um salário menor do que se pagava 12 meses atrás”, disse.

Depois da reunião na CNC, Lula participa de ato público no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, a partir das 17h, que será transmitido pelas redes sociais. Ele estará acompanhado do pré-candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin. Também no ato estarão o pré-candidato ao governo do Distrito Federal, Leandro Grass (PV), que representa a federação PT-PV-PCdoB nas eleições, e Rosilene Corrêa (PT), pré-candidata ao Senado pela mesma coligação, além de diversos outros pré-candidatos.