Maior representação

CUT lança 48 candidatos para concorrer nas eleições legislativas

Movimento sindical busca garantir representantes no Congresso e nas assembleias legislativas para barrar tentativas de retirada dos direitos trabalhistas e “reverter estragos” dos últimos seis anos

Antonio Cruz/ABr
Antonio Cruz/ABr
"Quanto mais trabalhadores tivermos lá, mais haverá condições para que nossas reivindicações sejam atendidas no parlamento", diz o secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo

São Paulo – Para se contrapor à bancada parlamentar patronal no Congresso e nas assembleias legislativas, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) confirmou nesta semana a candidatura de 48 dirigentes para os cargos de deputado federal, estadual e senador. Ao todo, sete são da direção nacional da entidade. Mas há ainda representantes de entidades filiadas, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e o Sindicato do Professores no Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), além de dirigentes de diversas entidades trabalhistas e de CUTs estaduais. 

As candidaturas estão divididas entre partidos da centro-esquerda e esquerda, como PT, Psol, PCdoB e PSTU. De acordo com o secretário de Administração e Finanças da CUT, Ariovaldo de Camargo, a disputa institucional por parte dos sindicalistas leva em conta a necessidade de se fortalecer uma bancada dos trabalhadores para defender os direitos da classe. 

Segundo ele, os representantes dos trabalhadores eleitos serão aqueles que, a partir de 2023, terão o papel de reconstruir o Brasil não só barrando tentativas de retiradas de direitos por parte de bancadas conservadoras, mas também revertendo “estragos” feitos ao longo dos últimos anos. “Precisamos de uma bancada que consiga rever o que já foi feito, como a reforma Trabalhista, para que possamos construir uma legislação em que os trabalhadores tenham segurança no trabalho e que os anseios da classe sejam atendidos”, afirma Camargo. 

Bancada dos trabalhadores

O lançamento das candidaturas também chama atenção dos eleitores para importância de conscientização na hora do voto, em escolher candidatos que de fato representarão os trabalhadores. Atualmente, apenas a bancada patronal no Congresso, ligada ao sistema financeiro e ao setor empresarial, conta com 196 deputados federais – dos 513 – e 38, do total de 81 senadores. Com o apoio de outros setores conservadores, o grupo conseguiu ainda em 2017, sob o governo de Michel Temer (MDB), aprovar a chamada “reforma” trabalhista, a Lei 13.467. A nova legislação acabou com mais de 100 itens da CLT.

À época, seus defensores prometiam com a proposta uma “modernização” trabalhista que levaria à criação de milhões de empregos e à dinamização da economia. Mas, na prática, cinco anos depois, o Brasil segue com o desemprego em alta. O subemprego e o trabalho informal também avançam, conformando um quadro de absoluta precarização das relações de trabalho e restrição dos direitos trabalhistas. O setor patronal também foi responsável por aprovar, em 2019, já sob o atual governo de Jair Bolsonaro (PL), a “reforma” da previdência — outra lei que, por sua vez, vem impedindo o acesso à aposentadoria por milhões de brasileiros. 

Diante disso, a CUT defende uma contraofensiva em defesa dos trabalhadores. “Alguém que esteve a vida toda ligada ao movimento de representação dos trabalhadores, dentro dos sindicatos, certamente não vai, de uma hora para outra, deixar de defender os direitos da classe. Quanto mais trabalhadores tivermos lá, mais haverá condições para que nossas reivindicações sejam atendidas no parlamento”, observa Ariovaldo.

As candidaturas

Outro objetivo, segundo o dirigente, é garantir uma bancada que possa dar sustentação às políticas progressistas. “Não podemos eleger candidatos a deputados federais e estaduais que, em sua maioria, pensem diferente do presidente ou do governador que vamos escolher”, explica. “Patrão escolhe patrão. Trabalhador escolhe trabalhador. Temos um leque grande de trabalhadores que se colocaram à disposição”, acrescenta. 

Entre os nomes da direção nacional da CUT que disputam vaga no Legislativo, está o da secretária-geral da entidade, a trabalhadora da agricultura familiar Carmen Foro, candidata a deputada federal pelo PT do Pará. A secretária de Políticas Sociais da central, a servidora pública Jandyra Uehara, concorre por uma vaga para deputada estadual em São Paulo. Assim como a secretária de Organização e Política Sindical, Graça Costa, é candidata a deputada federal pelo Ceará. 

Disputam ainda o presidente da CUT do Rio de Janeiro, Sandro Cezar, candidato a deputado estadual; o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, candidato a federal; o presidente da CUT-MT, Henrique Lopes do Nascimento,  que concorre a deputado estadual; Maria Euzébia Lima, da CUT Goiás, candidata a deputada estadual; e Marize Carvalho, da CUT Bahia, candidata a federal. Todos candidatos do PT. 

Você pode conferir a lista completa dos candidatos, clicando aqui

Participação popular

Essa eleição de 2022 já tem como característica de ser aquela em que, desde a redemocratização, mais movimentos populares lançam, de forma coordenada, candidaturas próprias. É o que mostras um levantamento realizado pelo site Brasil de Fato. Além das entidades sindicais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou 15 candidaturas para ocupar espaço na Câmara dos Deputados e nas assembleias legislativas. 

Sob o mote de “Aldear a política”, a Articulação dos Povos Indígenas (Apib) também disputa com candidatos neste pleito. Os movimentos negros também concorrem, impulsionados pela Coalizão Negra por Direitos, para “aquilombar os parlamentos”. 

“Entender a história de cada um e fazer a melhor escolha é o que temos que fazer, principalmente este ano, que é o ano de nossas vidas”, garante Ariovaldo. 


Com informações de Andre Accarini, da CUT